Conselho de ministros do Senegal. Crédito: Governo do Senegal, reprodução

Conselho de ministros do Senegal. Crédito: Governo do Senegal, reprodução

Senegal está a um passo de virar uma autocracia, diz analista

'Ditaduras militares em África não resolvem problema', afirmou Paul-Simon Handy

07/02/2024 às 10:20 | 2 min de leitura | Africanidades
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O cientista político Paul-Simon Handy, diretor do Instituto de Estudos de Segurança para a Africa Oriental (ISS, na sigla em inglês), disse nesta quarta (6) que o Senegal "está a um passo de se tornar numa autocracia" e antecipou a possibilidade de os militares senegaleses decidirem tomar o poder pela força.

A afirmação de Paul-Simon Handy foi dada enquanto participava da videoconferência coorganizada pelo ISS, um ‘think-tank’ baseado na África do Sul, pelo Instituto de Estudos de Paz e Segurança (IPSS, na sigla em inglês) e pela Amani África, ‘think-tank’ com sede em Adis Abeba.

O tema do encontro virtual era a forma como a União Africana lida com desafios e quais as respostas que dá, mas foi a situação no Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, que dominou as intervenções.

Adiamento de eleições


O presidente senegalês, Macky Sall, decretou o adiamento das eleições presidenciais do dia 25 deste mês para 15 de dezembro. A decisão que gerou fortes protestos nas ruas, muitas vezes dispersos pela polícia, que usou gás lacrimogéneo enquanto dirigentes da oposição a apelavam à "desobediência civil".

Para cientista político Paul-Simon Handy, as ditaduras militares em países africanos não melhoram nem os indicadores econômicos Crédito: Divulgação


Paul-Simon Handy comparou as ditaduras militares em África e na Ásia e concluiu que, apesar das limitações das liberdades e garantias que aquele tipo de gestão implica, na avaliação dele ao menos as asiáticas foram sempre mais bem-sucedidas que as congêneres africanas.

“As ditaduras militares em África não resolvem problemas e, pelo menos na Ásia, tiveram como resultado o desenvolvimento econômico”, afirmou.

A declaração, no entanto, é sensível, porque, ainda que garanta resultado econômico, como no caso chinês, ditaduras têm custos humanos elevadíssimos.

Outro participante na videoconferência, Solomon Ayele Dersso, diretor da Amani África, alertou para a eventualidade de que o que acontece no Senegal poder ser replicado em outros países do continente.

“O que se está a passar no Senegal deve ser encarado como um sinal do que se pode passar noutros países”, disse, destacando o Níger e o Gabão.

Ayele Dersso abordou ainda o que considera como “sinal da perda de falência das organizações regionais” africanas o recente anúncio pelo Níger, Mali e Burkina Faso da saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.

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