O cientista político Paul-Simon Handy, diretor do Instituto de Estudos de Segurança para a Africa Oriental (ISS, na sigla em inglês), disse nesta quarta (6) que o Senegal "está a um passo de se tornar numa autocracia" e antecipou a possibilidade de os militares senegaleses decidirem tomar o poder pela força.
A afirmação de Paul-Simon Handy foi dada enquanto participava da videoconferência coorganizada pelo ISS, um ‘think-tank’ baseado na África do Sul, pelo Instituto de Estudos de Paz e Segurança (IPSS, na sigla em inglês) e pela Amani África, ‘think-tank’ com sede em Adis Abeba.
O tema do encontro virtual era a forma como a União Africana lida com desafios e quais as respostas que dá, mas foi a situação no Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau, que dominou as intervenções.
Adiamento de eleições
O presidente senegalês, Macky Sall, decretou o adiamento das eleições presidenciais do dia 25 deste mês para 15 de dezembro. A decisão que gerou fortes protestos nas ruas, muitas vezes dispersos pela polícia, que usou gás lacrimogéneo enquanto dirigentes da oposição a apelavam à "desobediência civil".
Paul-Simon Handy comparou as ditaduras militares em África e na Ásia e concluiu que, apesar das limitações das liberdades e garantias que aquele tipo de gestão implica, na avaliação dele ao menos as asiáticas foram sempre mais bem-sucedidas que as congêneres africanas.
“As ditaduras militares em África não resolvem problemas e, pelo menos na Ásia, tiveram como resultado o desenvolvimento econômico”, afirmou.
A declaração, no entanto, é sensível, porque, ainda que garanta resultado econômico, como no caso chinês, ditaduras têm custos humanos elevadíssimos.
Outro participante na videoconferência, Solomon Ayele Dersso, diretor da Amani África, alertou para a eventualidade de que o que acontece no Senegal poder ser replicado em outros países do continente.
“O que se está a passar no Senegal deve ser encarado como um sinal do que se pode passar noutros países”, disse, destacando o Níger e o Gabão.
Ayele Dersso abordou ainda o que considera como “sinal da perda de falência das organizações regionais” africanas o recente anúncio pelo Níger, Mali e Burkina Faso da saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
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