27/03/2024 às 20:34
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Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron, presidentes do Brasil e da França, respectivamente, deixaram de lado um tema mais espinhoso para o país europeu durante a visita oficial do presidente francês ao país sul-americano.
Por exemplo, o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia —costurado há mais de duas décadas e que a França se opõe frontalmente— não foi posto sobre a mesa nem se divulgou nada sobre o tema.
O assunto que poderia gerar alguma animosidade foi escanteado, e o que transpareceu durante a visita de Macron foram trocas de sorrisos entre ele e Lula.
A vontade de demonstrar sintonia foi tanta que as fotos dos chefes de Estado inspiraram memes que circulam pelas redes sociais.
De concreto, nesta quarta (27), no segundo dia da visita oficial, Lula e Macron participaram do lançamento de um submarino construído no Brasil, produto de um acordo entre Brasil e França fechado lá atrás, em 2008.
Durante a solenidade, Macron tomou a palavra para falar sobre uma nova página na associação estratégica com o Brasil. A ideia do francês é que Brasil e França ampliem uma cooperação militar que não se limite à construção de submarinos e helicópteros.
"Estou aqui para celebrar dezesseis anos de cooperação na produção de submarinos e dizer que nas próximas décadas queremos ir mais longe e lançar projetos mais ambiciosos", afirmou Macron.
O presidente francês acrescentou que espera que o Brasil alcance o desenvolvimento da tecnologia de propulsão nuclear naval, "respeitando todos os compromissos mais exigentes de garantias".
Macron disse que respeitadas as garantias de uso pacífico da energia nuclear, o país europeu apoiaria o Brasil na empreitada.
Ao discursar, Lula acariciou o homólogo francês dizendo esperar que ele levasse do Brasil o carinho do povo brasileiro. Sobre a energia nuclear, Lula disse que o país precisa se preocupar com a própria defesa não por querer guerra, mas sim a paz.
"A defesa para quem mora em um continente que já definiu, em todas as reuniões da Celac (Comunidade de Estados Latinos Americanos e Caribenhos), de que nós vamos continuar, na América Latina e América do Sul, sendo uma zona de paz", afirmou Lula.
Viagem à Amazônia
Na terça (26), na Ilha do Combu, em Belém do Pará, a França organizou uma solenidade para homenagear o cacique Raoni Metuktire. O líder indígena recebeu a Condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra das mãos de Macron.
A honraria é a maior condecoração oferecida pelo governo da França. Ela é concedida aos cidadãos franceses e a estrangeiros que têm um papel de destaque em nas atividades no cenário global.
Durante o discurso de homenagem ao líder indígena de 92 anos, Macron lembrou a trajetória de luta do cacique Raoni pelos direitos dos povos originários e em defesa das florestas.
"Você foi um líder desse combate e levou muito mais longe, de maneira mais firme, do que muitos outros. Você é um cacique cuja idade já não conta. A sua energia é cada vez mais forte. Cada vez que o vejo, ele está mais forte. Lula, ele é uma esperança para nós”, afirmou o presidente francês.
Raoni se emocionou com as palavras e lembrou do luto que vive pela perda recente perda de uma de suas netas.
"Eu estou muito feliz aqui por estar vivenciando esse momento com vocês. Estou realmente contente porque, dias antes, eu estava muito triste por ter perdido a minha neta. Mas agora estou ficando contente novamente com vocês aqui", disse.
Desmatamento zero
Durante a cerimônia, Lula disse que segue perseguindo o desmatamento zero até 2030. "A gente vai levar a luta contra o desmatamento como uma profissão de fé. A gente vai provar ao mundo que nós vamos preservar a nossa Amazônia", afirmou o presidente brasileiro.
Os dois presidentes aproveitaram a oportunidade para anunciar em conjunto o "Apelo de Belém", um acordo para apoiar a agenda climática, a proteção e a preservação da Amazônia e dos povos originários em diversas frentes de ação.
Complementando o que disse Lula, Macron afirmou ter interesse em cooperar na luta contra o garimpo ilegal, além de se posicionar contra os interesses financeiros de curto prazo que possam ameaçar a floresta.
"O que nós queremos fazer é preservar, conhecer melhor, multiplicar a cooperação científica, assumir estratégias de apoio aos povos indígenas e, juntos, realizar ações de investimentos da bioeconomia para que isso cresça", disse.
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