Sob Jair Bolsonaro, o Brasil passou quatro anos isolado do mundo por diferentes motivos: o discurso do ex-presidente contra políticas ambientais; a negação da gravidade da pandemia de Covid; a disseminação do desrespeito aos direitos humanos; e as ofensas pessoais a líderes estrangeiros e seus familiares são algumas das razões.
Além dessa camada mais visível que transformou o país em pária internacional, dentro das fronteiras houve um desmonte de políticas públicas que atraíssem turistas. E uma das principais vítimas nesse processo de isolamento do Brasil foi a Embratur, a agência de fomento e promoção internacional do turismo, ligada ao Ministério do Turismo.
O atual presidente do órgão, Marcelo Freixo, falou com exclusividade à BRASIL JÁ sobre o cenário de “terra arrasada” que encontrou ao assumir a agência, no início do ano passado.
Freixo afirmou que teve de remontar a equipe nos espaços em que havia falta de pessoal e voltar a elaborar políticas focadas para o setor. Segundo ele, o problema também foi uma oportunidade. O político aproveitou a movimentação para redirecionar o foco da Embratur para a promoção da sustentabilidade, uma agenda que pensa ser fundamental no atual governo para garantir a competitividade dos destinos brasileiros no exterior.
“Turismo é emprego, renda e preservação ambiental. Por isso sempre afirmo que é solução para um novo modelo de desenvolvimento inclusivo e ambientalmente responsável”, disse, afirmando que a agência pretende projetar o meio ambiente como “exemplo que o Brasil tem que dar ao mundo”.
De acordo com o presidente da Embratur, para reverter a imagem de pária que seguia na contramão do planeta, foi preciso o país assumir compromissos com agendas ambientais e de cooperação e diálogo internacional.
O órgão criou, ainda, uma gerência de inteligência de dados com o objetivo de fornecer informações de qualidade tanto para a própria agência quanto para empresários e gestores públicos do turismo.
“Informação é crucial para a eficácia das políticas públicas. O compromisso com a sustentabilidade é uma questão ética, de conservação do planeta, e pragmática, porque é um fator de competitividade. Os hábitos de consumo mudaram no mundo e isso vale para o turismo”, disse Freixo, segundo o qual ninguém quer visitar um país que destrói o meio ambiente: “Ninguém quer que a própria viagem cause impactos negativos na natureza e nas comunidades. Então, promover a sustentabilidade no turismo e engajar o setor na agenda climática é um fator de competitividade internacional e compromisso com o planeta”.
Mudança de comportamento
Freixo chama atenção para a mudança de comportamento do turista estrangeiro de negócios e de lazer. Segundo ele, embora o Rio de Janeiro seja o cartão-postal do Brasil e a primeira imagem que surge na cabeça do turista ainda seja a do Cristo Redentor e a do Pão de Açúcar, a porta de entrada do país é São Paulo.
Ainda assim, uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro, realizada em maio do ano passado, com turistas estrangeiros que estavam deixando o país pelo Rio, mostrou que, quando questionados se indicariam a cidade para os amigos, numa escala de 0 a 10, os entrevistados deram nota média de 9,2.
A pesquisa também mostrou que mais de 90% dos turistas portugueses e alemães que estiveram no Brasil gostariam de retornar. Para Freixo, é a evidência de que a experiência foi positiva.
“Nas pesquisas que realizamos, a alegria dos brasileiros é um dos principais atrativos para os estrangeiros. E o Carnaval expressa isso, é a grande tradução da nossa alegria. Na Embratur, o que estamos fazendo é promover a festa no mundo, tanto do Rio quanto dos demais estados”, afirmou Freixo.