Voz dos Compositores celebra a canção no Coliseu dos Recreios. Foto: Déborah Lima/Brasil Já

Voz dos Compositores celebra a canção no Coliseu dos Recreios. Foto: Déborah Lima/Brasil Já

Voz dos Compositores emociona e une gerações no Coliseu dos Recreios

Noite de celebração e homenagens com Pedro Luís, Gabriel Moura, Edu Krieger, Rodrigo Maranhão, Pierre Aderne e a participação especial de Moacyr Luz

08/06/2024 às 20:53 | 3 min de leitura
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Um santuário de melodias em que a união de seis grandes nomes da música brasileira trouxe à vida canções que atravessam gerações. Foi assim a noite de 7 de junho no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, durante o espetáculo "Voz dos Compositores". 

Lá, cinco grandes nomes da música brasileira se apresentaram juntos, todos vestidos de branco: Pedro Luís, Gabriel Moura, Edu Krieger, Rodrigo Maranhão e Pierre Aderne, que comandou e mediou o evento, sendo o responsável por unir o grupo. 

A noite contou com a participação especial de Moacyr Luz, que contrastava com os demais ao vestir uma roupa listrada colorida. A presença de Moa foi uma homenagem, recebida com alegria pelos músicos e plateia.

Moacyr Luz, o sambista trabalhador


O repertório da noite foi composto por canções que marcaram vozes icônicas como Maria Bethânia, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Seu Jorge, Adriana Calcanhotto, Elba Ramalho, Elza Soares, Maria Rita, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e o português António Zambujo. 

"Amiga da Minha Mulher", sucesso na voz de Seu Jorge, foi a primeira canção a animar o público, com uma nova versão apresentada por Gabriel Moura, que optou por não cantar o verso "se fosse mulher feia tava tudo certo", talvez para evitar a polêmica de ser considerada "politicamente incorreta".

Pretinho da Serrinha, coautor, já chegou a afirmar que não era intenção causar desconforto com a letra. "Não acho que a canção seja machista, nem que coloque a mulher para baixo", afirmou ao G1, em 2017.

Entre anedotas e canções, o público se divertiu em um show que não teve ensaio. "A regra é não poder ensaiar. Neste show que vocês estão vendo, houve uma espécie de ensaio ontem. No resto da noite, nos abraçamos e matamos a saudade", explicou Pierre Aderne. 

No entanto, a performance de "Mina do Condomínio" parecia ensaiada a vida toda, seguida por "Burguesinha", quando o público, com lanternas dos celulares, formou um céu estrelado no "Santuário das Canções", como Pierre chamou o Coliseu dos Recreios. A plateia aplaudia até mesmo durante a afinação dos violões.

O ponto alto foi a entrada de Moacyr Luz, aplaudido ao se posicionar no palco com a ajuda dos colegas. Com o grupo completo, o samba de verdade começou, e ao som de "Vida da Minha Vida", teve gente que precisou levantar e exibir alguns passinhos de samba. 

É como matar a saudade do Rio de Janeiro, do outro lado do oceano. A participação de Moa terminou com "Toda a Hora", recebendo um beijo dos amigos —que certamente não fez bebendo leite— e saindo sob aplausos.

Foi a deixa para Pierre iniciar a rodada de "saideira" com um discurso emocionado: "Este show é uma carta de amor à relação entre brasileiros e portugueses. A gente só consegue combater a xenofobia, racismo e fascismo com cultura, com história", disse. 

Cada artista cantou sua última canção. Ao som de "Felicidade", o público não se aguentou nas cadeiras do grande auditório. Foi um prelúdio para a saideira —definitiva— que teve que acontecer. E foi com a honra do retorno de Moa ao palco com "Cabô Meu Pai", deixando todos em êxtase após duas horas de espetáculo.

Pierre Aderne e parceiros destacam o valor da composição em noite memorável de música e amizade. Foto: Déborah Lima/Brasil Já

Novos encontros à vista


A noite celebrou não apenas suas canções, mas também a amizade e o amor pela música. Em conversa com a BRASIL JÁ após o espetáculo, Pierre Aderne, idealizador do evento, destacou a importância de valorizar o trabalho dos compositores, frequentemente esquecidos pelo grande público.

"Há uns cinco anos, eu tinha muita vontade de reunir esses compositores da minha geração e fazer isso aqui no Coliseu", explicou Aderne. 

"Demorou alguns anos para encontrar a forma certa de realizá-lo e, este ano, conseguimos a disponibilidade de todos para desfilar essas canções e colocar em prática um projeto que considero extremamente importante. Demonstra a importância de voltar a colocar o foco nas composições das canções."

Ele garantiu que não houve ensaio convencional, afinal, a amizade e a intuição musical que guia esses artistas. 

"Ontem a gente se reuniu em casa. Todo mundo é também músico, toca um pouquinho de cada coisa... foi amor e intuição", disse Aderne, enfatizando que o processo criativo foi guiado pela sensibilidade e pela experiência compartilhada ao longo dos anos.

Pedro Luís reforçou a emoção do encontro. "A gente vem conversando há uns cinco anos. O Pierre falou: 'pô, a gente tem que trazer os parceiros para cá'. Eu venho frequentemente a Portugal, tenho cidadania e adoro estar aqui", contou Pedro Luís, feliz com o resultado deste encontro. 

"Uma plateia muito quente, foi bonito demais. Aquilo que era um sonho se tornou realidade aqui, hoje, nesta casa sensacional que eu amo assistir e amo fazer."

O sucesso da noite é, na verdade, um esquenta para futuros encontros. "Sem dúvidas, minha agente no Brasil já está tentando levar isso a São Paulo, Rio, ao Sul. E aqui a gente volta também. Queremos ainda fazer Porto e quem sabe outras cenas!", revelou Pedro Luís à BRASIL JÁ.

Novos encontros do show 'Voz dos Compositores' devem acontecer entre Brasil e Portugal. Foto: Déborah Lima/Brasil Já

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