"A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está no horizonte. Vamos trabalhar, vamos cruzá-la. A maior parceria de comércio e investimento que o mundo já viu. Ambas as regiões serão beneficiadas."
Esta foi a frase da presidente da Comissão Europeia, Ursula von de Leyen, nesta quinta (5), que aqueceu as expectativas pela conclusão do pacto entre os blocos econômicos, costurado há mais de duas décadas.
O que se espera é que o Mercosul e a União Europeia selem o acordo nesta sexa (6), no âmbito da Cúpula de Chefes de Estado do grupo sulamericano. Von der Leyen está no Uruguai, onde ocorre o evento, e tem exaltado em publicações no X as parcerias entre países europeus empresas do outro lado do Atlântico.
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"Tive a chance de escutar os insights de empresas europeias no Uruguai. Para elas, os case de negócios UE e Mercosul é muito claro. Corte de tarifas, processos simplificados, acesso a contratos públicos... Tudo isso significa muitas mais oportunidades de trabalho e crescimento na Europa", afirmou a presidente da comissão.
O chanceler do Uruguai, Omar Paganini, também sinalizou que o acordo será fechado. Disse o chefe de governo que todos os países do Mercosul se mostraram a favor do texto.
Os impactos para o Mercosul
Para o Brasil de demais países do bloco —Argentina, Paraguai e Uruguai— a conclusão do pacto significa oportunidades econômicas.
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Isso porque o acordo tem como objetivo gerar oportunidades de comércio e de investimentos, mas vai além, prevendo também uma cooperação política e ambiental, unificação de de normas sanitárias e fitossanitárias. E, ainda, proteção de direitos de propriedade intelectual e abertura de compras por governos.
Em números, a previsão das autoridades envolvidas no pacto falam em benefícios que vão contemplar setecentas milhões de pessoas.
O Instituto brasileiro de Pesquisa Econômica Aplicada publicou um estudo em fevereiro estimando que as trocas comerciais com a União Europeia fariam crescer 0,46% do Produto Interno Bruto do Brasil até 2040, o equivalente a 9,3 bilhões de dólares.
A oposição francesa
Na contramão do acordo, a França e empresas do país têm tentado boicotar o pacto. E não é de hoje. O presidente francês, Emmanuel Macron, em diversas oportunidades afirmou ser contra a proposta por, supostamente, ser desleal e prejudicial aos agricultores e pecuaristas do país.
Fragilizado politicamente, Macron tem feito eco de parte da sociedade francesa que rejeita o acordo. O presidente repete, inclusive, críticas infundadas e até mentirosas sobre controles sanitários no Mercosul.
A declaração do CEO do grupo Carrefour, por exemplo, afirmando que não comprará produtos do Mercosul foi desastrosa e abriu uma quase crise diplomática entre Brasil e França. Em resposta, produtores brasileiros chegaram a suspender a venda de carne à rede de supermercados.
Na última semana, com foco na conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, o presidente Lula minimizou os ataques franceses. O chanceler do Brasil, Mauro Vieira, também disse que o assunto estava superado.