29/09/2024 às 15:43
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A colunista de gastronomia da BRASIL JÁ, Gisele Rech, participou neste domingo do 20º Congresso de Cozinha, em Oeiras. No palco do evento, Rech entrevistou a chef brasileira Alessandra Montagne, dos restaurantes Nosso e Tempero, ambos em Paris.
Durante a conversa, Montagne contou que estará à frente de um dos restaurantes do Museu do Louvre, no novo projeto do chef Alain Ducasse. A casa, com nome ainda sob sigilo, abre em junho de 2025, segundo adiantou a chef com exclusividade no bate-papo.
Outra novidade anunciada no evento é que Alessandra Montagne passará a deixar um pouco do seu tempero em Lisboa. No palco, ela revelou que será a head chef do restaurante Cícero Bistrot, de Lisboa.
“Agora, o espaço vai ter até uma louça especial”, disse a chef sobre o estabelecimento que fica em Campo de Ourique e já reinaugura no mês de novembro.
“O espaço agora vai ter novos pratos.Tínhamos quarenta lugares e, agora, no novo conceito, teremos apenas 22 lugares. Significa mais conforto para os clientes nesse conceito gastronômico”, disse Paulo Dalla Nora Macedo, sócio-fundador do restaurante.
A parceria de Montagne com o estabelecimento, que reúne arte e gastronomia, começa em novembro.
Mudanças no Cícero Bistrô e trajetória pessoal
No menu do novo Cícero Bistrô, Montagne afirmou que vai seguir o conceito inicial da casa, que homenageia o artista plástico Cícero Dias.
O recifense desenvolveu parte da carreira na capital francesa, onde se tornou amigo, por exemplo, do pintor Pablo Picasso. Na Europa, Dias também deixou sua marca por Portugal. Por isso, a carta do restaurante tem e manterá uma fusão entre Brasil, França e Portugal.
E o bate-papo no palco do congresso foi além da gastronomia. Alessandra falou também da sua trajetória de vida, minada por desafios.
“Eu fui abandonada pelos meus pais e criada pelos meus avós. A cozinha e o meu amor pelo meu trabalho me preencheram”, disse.
O trabalho de Alessandra encantou o público francês, mas ela pondera que o sucesso foi construído com muito trabalho:
“Eu não sabia falar francês e a maneira que eu me comunicava era cozinhar para as pessoas e era o que eu podia dividir com as pessoas no país que estava me recebendo”, acrescentou a chef nascida no Rio de Janeiro e criada em Minas Gerais.
Em entrevista à BRASIL JÁ, a chef comentou a emoção que tem sido esse momento da vida, quando tira projetos de sucesso do papel:
“Muita gente me diz que se emociona com a minha história, que sou inspiração e isso pra mim é muito novo. Eu também me emociono ouvindo as histórias das pessoas, pois eu só queria sobreviver e fazer o meu trabalho, pagar minhas contas e de repente o que construí com muito trabalho serve de modelo".
Sobre o trabalho duro nas cozinhas do Brasil e do mundo, Montagne disse que passou anos sem tirar dias de folga, mas que afinal os sacrifícios a deixam bastante feliz. Alessandra Montagne vive em Paris há 25 anos.
Sobre o novo espaço no Museu do Louvre, a chef evitou revelar muito, adiantando ser um projeto grande e que vai ter muito da sua (da nossa) cultura no projeto. A previsão é de que em junho de 2025 o mistério seja revelado.
O futuro
A longo prazo, a chef contou à colunista que sonha construir uma escola de cozinha para crianças em situação vulnerável.
"Vai chegar o momento que a minha vida vai ser dar a mãos para as pessoas. Puxar as pessoas que não têm condições de realizar sonhos e eu trabalhando para isso”, detalhou Montagne.
Atualmente, a chef dedica um dia no mês fazendo voluntariado em penitenciárias para ensinar internas a cozinhar.
Congresso de Cozinha
O Congresso de Cozinha estreou neste domingo e segue nesta segunda (30). É a 20ª edição do evento, que este ano tem o tema “Comida e Liberdade”, em alusão aos 50 anos do 25 de abril em Portugal.
O evento é anual e realizado desde 2005 por chefs portugueses e internacionais que se encontram para discutir a indústria da restauração. O público presente pode conferir além dos debates, masterclasses e, é claro, provar muita comida e bebida.
“A nossa expectativa é humanista e dizer que esses temas fazem parte da cozinha e da restauração. A partir destes temas humanistas trazemos também os temas técnicos”, afirmou Paulo Amado, fundador do Congresso de Cozinha.
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