Nas importações em Portugal, quem lidera é o Brasil. Em dezembro de 2024, as importações portuguesas provenientes do Brasil somaram 397 milhões de euros, um aumento de 40,8% em relação aos 282 milhões de euros registrados no mesmo período de 2023.
O crescimento reflete o papel relevante do Brasil como fornecedor de bens para Portugal, principalmente no setor de combustíveis e lubrificantes. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, o INE, nesta segunda (10).
O aumento significativo das transações com o Brasil colocou o país em evidência no relatório do instituto que elenca os principais fornecedores de Portugal, ainda que Espanha, Alemanha e França continuem na dianteira.
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O número de dezembro mantém o ritmo do último trimestre de 2024, quando as importações brasileiras para Portugal movimentaram 1,04 bilhão de euros, um crescimento de 62,8% na comparação com os 639 milhões de euros registrados no mesmo período de 2023.
Assim, o Brasil superou o crescimento médio dos principais países fornecedores de Portugal, como Espanha, cuja taxa de crescimento de importação por Portugal ficou em 4,4%, a mesma dos meses de dezembro de 2023 e 2024.
Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, Otacílio Soares, o resultado registrado pelo INE é produto de uma relação mais estreita entre empresários de Brasil e Portugal, que segundo ele têm aproveitado oportunidades no setor de óleo e gás.
"Com a implementação do acordo Mercosul-União Europeia, o fluxo será mais intenso e com maior participação de PMEs [pequenas e médias empresas]", opinou.
A BRASIL JÁ adiantou que dados preliminares do INE indicavam que a mesma tendência vale para o sentido contrário: as exportações de bens de Portugal para o Brasil cresceram quase 11% entre janeiro e novembro de 2024, comparado com o mesmo período de 2023.
Impacto econômico, setor energético e taxas norte-americanas
O aumento expressivo das importações brasileiras foi impulsionado principalmente pela demanda por combustíveis e lubrificantes, um setor que registrou um crescimento geral de 21,3% em Portugal, no comparativo anual de dezembro.
Esse fator contribuiu para o déficit da balança comercial portuguesa, que atingiu 2,909 bilhões de euros em dezembro de 2024, mais 474 milhões em relação ao ano anterior.
Em contrapartida, as exportações portuguesas para os Estados Unidos caíram 45,7%, refletindo a redução na demanda por produtos químicos, um dos principais itens exportados para esse mercado.
BARREIRAS: Desafios alfandegários na Europa
O relatório do INE divulgado ontem coincide com o dia em que a Comissão Europeia reagiu ao anúncio de novas taxas de 25% a aplicar pelos Estados Unidos às importações de aço e alumínio, afirmando que as tarifas são “ilegais” e contraproducentes do ponto vista econômico.
Após destacar que ainda não foi recebida nenhuma notificação oficial de tarifas sobre produtos europeus, de forma que não irá reagir a anúncios feitos de forma genérica, Bruxelas afirmou que ao impor tarifas os Estados Unidos estão, na prática, colocando impostos sobre os seus cidadãos e aumentando os custos das empresas, fazendo subir a inflação.
“Vamos reagir de forma a proteger os interesses dos negócios, trabalhadores e consumidores europeus de medidas injustificadas”, afirmou a Comissão Europeia, em comunicado.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, já afirmou que a União Europeia está preparada para agir no espaço de "uma hora", se for necessário.
O panorama geral do comércio externo português
Os dados do INE mostram que, no geral, as exportações portuguesas caíram 2,5% em dezembro de 2024, enquanto as importações aumentaram 4,0%.
Excluindo combustíveis e lubrificantes, as exportações recuaram 1,1% e as importações cresceram apenas 1,8%, demonstrando que a alta dos produtos energéticos foi determinante para os números positivos do comércio externo português.
ALOYSIO NUNES: O custo Europa
No acumulado de 2024, o saldo comercial português se deteriorou, com um déficit de quase 28 bilhões de euros, resultado 78 milhões pior em relação a 2023. O cenário reflete a alta nas importações e a queda no valor unitário das exportações, que registraram uma redução de 0,6% em dezembro.