Aeroporto de Lisboa. Crédito: Mário Cruz, Lusa

Aeroporto de Lisboa. Crédito: Mário Cruz, Lusa

Brasileira denuncia maus-tratos de policial no aeroporto de Lisboa: 'Nunca fui tão humilhada'

Ana Paula Romero contou que ofensas ocorreram ao desembarcar com a família nesta quarta (10). A PSP nega que agente tenha ofendido jornalista.

10/07/2024 às 15:08 | 3 min de leitura
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A brasileira Ana Paula Romero denunciou ter sido hostilizada por um policial, na manhã desta quarta (10), ao desembarcar no aeroporto de Lisboa para uma conexão com destino a Genebra. 

Acompanhada pelo marido e o filho de 15 anos, ela afirmou que nunca se sentiu tão humilhada em dez anos viajando para a Europa.

Já na Suíça, a jornalista disse à BRASIL JÁ que o episódio aconteceu depois de o policial da cabine 5 do aeroporto pedir a ela as reservas do hotel. Ao explicar que tinha apenas os comprovantes de Genebra, que era o destino final da viagem, o agente solicitou a ela as passagens de volta. 

Ela contou que se sentiu nervosa e intimidada pelo tom grosseiro da abordagem, e que por isso demorou a encontrar os bilhetes. Romero afirmou que Isso bastou para que as agressões verbais fossem proferidas pelo policial. 

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“De repente, ele começou a gritar, me ameaçou, me humilhou e ainda me mandou calar a boca, dizendo que eu deveria apresentar apenas o que ele me pedia”, contou a jornalista. 

“Enquanto eu procurava as passagens, expliquei que estive em Nova York recentemente, mas ele, aos berros, disse que os Estados Unidos não eram a Europa. Ao tentar acalmá-lo, o chamei de ‘moço’ e, de forma hostil, ele falou: ‘moço não, policial’. Nunca fui tão humilhada na minha vida”, desabafou.

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A situação só se acalmou depois que a cunhada de Ana Paula enviou por e-mail a cópia das passagens de volta ao Rio de Janeiro, de onde partiu a brasileira e a família para uma viagem de férias. 

“Essa é a décima vez que a gente vem à Europa. Sempre amei Portugal, mas já tenho visto muitas reclamações como essas que vivi hoje. É a primeira vez que acontece comigo e estou muito mal e  impressionada”, disse.

Procurada pela BRASIL JÁ, na mesma quarta (10) a PSP lamentou o ocorrido e, nesta sexta (12), enviou uma resposta sobre a situação (veja mais abaixo)

Passageira disse que não volta mais

Ana Paula afirmou nunca mais voltará a Portugal. 

“São os pequenos poderes, né? Uma pena ser recebida com tanta agressividade em um país irmão, que sempre tivemos muito carinho. Foi revoltante, eu estou me sentindo péssima. Não volto nunca mais. Uma pena!”, disse. 

O número de brasileiros barrados ao chegarem a Portugal em 2023 aumentou 28% em relação a 2022. Os dados são do Relatório de Imigração, Asilo e Fronteira divulgados no ano passado. 

Das 1.749 pessoas impedidas de entrar no país europeu, 1.262 portavam passaporte do Brasil, representando 72,2% do total de passageiros.

PSP nega que agente tenha ofendido passageira

Em comunicado enviado à BRASIL JÁ nesta sexta (12), a PSP informou que "não há ocorrência que corresponda ao relato feito pela passageira Ana Paula Romero" e que, da parte da Polícia de Segurança Pública, apenas foi solicitado a ela os documentos obrigatórios para passar a fronteira do Espaço de Schengen.

“No caso em concreto, quando sujeita a questões (obrigatórias) na fronteira, a passageira mostrou notas em agenda, situação que não demonstra a resposta que se exige. Do mesmo modo, tendo referido que viajava para Portugal todos os anos, no passaporte tinha como último carimbo de entrada o ano de 2023 (desde 2019, ano de emissão do passaporte). Em uma das questões feitas, referiu ser jornalista. Após verificada a sua situação de acordo com os procedimentos, a passageira (e a família) passaram a fronteira”, informou a PSP.

Em relação a casos envolvendo abuso de autoridade, a instituição afirmou que segue  “elevados padrões de serviço público" e responde "disciplinarmente sempre que viola um dever”. A corporação também afirmou que existe uma formação especializada e auditada para agentes que exercem funções nas fronteiras. 

A PSP orienta os passageiros que denunciem, através do email disponibilizado no portal da IGAI, qualquer tipo de conduta irregular. Também é possível registrar queixa em qualquer delegacia ou diretamente com o superior hierárquico da polícia que estiver presente no local.

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