As contas nas redes sociais do Chega foram “as grandes impulsionadoras” na difusão de uma sondagem que não podia ser publicada em Portugal e que colocava o partido num suposto empate técnico com AD e PS.
Uma pesquisa do MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE-IUL), relativa à semana passada, concluiu que o Chega e o seu líder, André Ventura, foram os que mais ajudaram a multiplicar e difundir uma sondagem do Instituto Paraná Pesquisas, do Brasil.
A pesquisa não está registrada em Portugal, o que levou à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) a abrir um processo de averiguações.
Compartilhamento via Chega
No Facebook, mais da metade das publicações compartilhando o resultado da sondagem não autorizada são de “páginas de militantes ou dirigentes do partido Chega”, segundo o MediaLab.
O MediaLab conduz um projeto em parceria com a agência Lusa sobre as eleições nas redes sociais e os processos de desinformação na fase pré-eleitoral para as legislativas de 10 de março.
O levantamento indicou que foram os posts de André Ventura e do Chega que angariaram 88% das interações —que consiste na soma de todas as reações, comentários e compartilhamentos de uma publicação.
E, no X (ex-Twitter), a “partilha da captura de tela do artigo do Folha Nacional”, jornal do Chega, com a sondagem, foi feita “sobretudo por membros do partido que angariaram metade das interações —soma de todos os likes, comentários e compartilhamentos.
O MediaLab destacou as atuações de André Ventura e do dirigente Pedro dos Santos Frazão.
Processo de averiguação da ERC
A ERC abriu “um processo de averiguações" à sondagem divulgada pelo Chega no jornal Folha Nacional, feita por uma empresa brasileira que não estavacredenciada pelo órgão regulador português.
André Ventura afirmou que o Chega nada tem a ver com a empresa e adiantou que apenas difundiu notícia que estava “espalhada por toda a imprensa brasileira”.
À BRASIL JÁ, o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, que realizou a sondagem, afirmou que a divulgação irregular sem que ela estivesse registrada na ERC era um problema do Chega.
“Eu não posso comercializar um produto sem antes testar, aprender sobre o público”, disse, acrescentando que foi uma "autocontratação". “Não fomos contratados pelo Chega, não fomos contratados por ninguém, precisávamos aprender sobre o mercado português e fizemos uma série de sondagens”.
Sondagens falsas difundidas
Na análise do MediaLab surgiram, também, publicações nas redes sociais relativas a uma suposta sondagem, de 21 de fevereiro, que era falsa. A pesquisa era atribuída ao CESOP (Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica), e colocava o Chega em empate técnico com a AD e o PSD.
Tudo era falso e o site Polígrafo confirmou que a intenção era desinformar. Nesse caso, nenhum dirigente do Chega compartilhou qualquer das publicações, mas a responsabilidade pela sua difusão, segundo os peritos do MediaLab, foi de grupos de simpatizantes do Chega, responsáveis por 78% das interações.
Com a Agência Lusa