Grupo apresentará ao Parlamento uma proposta para alterar o Código Penal. Crédito: Filipe Amorim, Lusa

Grupo apresentará ao Parlamento uma proposta para alterar o Código Penal. Crédito: Filipe Amorim, Lusa

Coletivos levam proposta ao Parlamento para criminalizar racismo e xenofobia

Iniciativa visa reforçar a proteção legal contra discriminações, respondendo à ineficácia da legislação atual, que trata esses casos apenas como infrações

05/12/2024 às 10:19 | 2 min de leitura | Direitos Humanos
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O Grupo de Ação Conjunta contra o Racismo e a Xenofobia, que reúne 81 coletivos, informou que irá submeter à Assembleia da República uma proposta para alterar o Código Penal portugês e tornar crime todas as condutas racistas e xenófobicas.

"É imprescindível uma reformulação jurídica que enquadre todas as práticas racistas e xenófobicas como crimes, com as devidas consequências penais, para assim garantir a proteção efetiva dos direitos fundamentais e reforçar o compromisso do Estado com a justiça e a igualdade", afirmou o grupo, em nota.

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A apresentação da proposta está agendada para 10 de dezembro, que é quando se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos. 

A iniciativa legislativa cidadã pretende reforçar "a tutela penal para todas as formas de discriminação, garantindo uma resposta completa, eficaz e proporcional à gravidade das condutas discriminatórias".

"Esta medida contribuirá para travar, de forma decisiva, o combate cultural e civilizacional contra a discriminação e contra o racismo, impondo a responsabilização penal adequada e protegendo os valores fundamentais da igualdade e da dignidade humana", acrescentou o grupo.

Falhas na legislação atual

Para o coletivo, o ordenamento jurídico português não dispõe de mecanismos suficientes para prevenir e penalizar práticas racistas e xenófobicas.

"A atual qualificação jurídica das práticas discriminatórias motivadas pela origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem, como meros ilícitos de natureza administrativa —contraordenações— é insuficiente e afronta os valores fundamentais que sustentam uma sociedade justa e democrática", detalhou o grupo.

No comunicado, os autores afirmam que tratar os crimes como contraordenações —o que no Brasil seriam infrações— é contraproducente e não assegura a premissa constitucional de garantir direitos iguais a todos os cidadãos.

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Os números apresentados pelo último relatório da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, de 2022, também ilustram a insuficiência da legislação. 

"De 491 participações, queixas e denúncias, apenas 97, cerca de 20%, foram transformadas em processos de contraordenação", apontou o grupo. 

Os ativistas também consideram alarmante o dado da comissão indicando que entre os 97 processos, apenas onze resultaram em condenações, o que para o grupo coloca em xeque a função de coibir tais crimes da legislação.

Após um atraso de seis meses desde a nomeação, Isabel Almeida Rodrigues assumiu na terça (3) a presidência da comissão. A cerimônia marcou o início do funcionamento da única entidade responsável por receber denúncias baseadas na lei antidiscriminação.

O órgão assumido por Rodrigues está inativo desde 29 de outubro de 2023, após a fusão do Alto Comissariado para as Migrações com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, dando lugar à Aima. 

Com a Lusa

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