Em entrevista à BRASIL JÁ, o chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, afirmou que “discursos protecionistas que tentem usar o meio ambiente não se aplicam ao Brasil, cuja atenção prioritária dada à questão ambiental é indiscutível”.
Vieira disse que o Brasil tem uma “posição confortável” no debate ambiental porque os fatos, dados e informações demonstram a trajetória histórica e a qualidade das ações brasileiras em matéria de combate ao aquecimento global.
O ministro defendeu a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas pela Petrobras, “uma empresa com desempenho altamente positivo não somente na exploração como na preocupação com a segurança de suas operações em matéria ambiental”.
Leia trechos da entrevista.
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Há, de modo geral, um discurso comprado na Europa de que o Brasil e a Guiana não deveriam explorar petróleo na foz do Rio Amazonas. Em que momento deixa de ser uma preocupação legítima e passa a ser uma tentativa de barrar o desenvolvimento econômico e social e frear a concorrência no comércio internacional?
Esse assunto, no caso brasileiro, tem sido tratado soberanamente, por meio de diálogo com os órgãos ambientais, e estou certo de que encontraremos as respostas equilibradas e adequadas. No que nos diz respeito, a Petrobras é uma empresa com desempenho altamente positivo não somente na exploração como na preocupação com a segurança de suas operações em matéria ambiental.
A Europa, ao lado dos Estados Unidos e China, está entre os maiores poluidores do mundo, com pegadas ambientais e emissão de CO2 incomparáveis com a do Brasil. No entanto, o discurso, até de alguns aliados do presidente Lula, como o do presidente da França, Emmanuel Macron, é de que o país é poluidor, o que atrapalha o acordo Mercosul-EU, e o comércio do Brasil com a Europa. Como lidar com esses discursos?
Participamos dessa discussão com os fatos, com dados e informações que demonstram a trajetória histórica e a qualidade das ações brasileiras em matéria de combate ao aquecimento global. Temos uma posição muito confortável nesse debate, e já deixamos claro que discursos protecionistas que tentem usar o meio ambiente não se aplicam ao Brasil, cuja atenção prioritária dada à questão ambiental é indiscutível.
A redução imediata e significativa no desmatamento no Brasil desde a posse do Presidente é somente a prova mais recente do que acabo de dizer. Meio ambiente é coisa séria para nós, e nossas ações demonstram isso claramente.
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É possível se desenvolver e se industrializar e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente?
O Brasil tem ótimos exemplos que demonstram a viabilidade do desenvolvimento sustentável, desde a qualidade da nossa matriz energética até programas inovadores e de êxito como o do uso do etanol como combustível. A experiência brasileira do etanol, por exemplo, tem sido levada pelo setor privado e pelo governo para outras regiões do mundo, como a Ásia, que sofrem com problemas como o da poluição e precisam dar respostas a isso e aos desafios do aquecimento global. A Índia, por exemplo, está desenvolvendo com o Brasil uma parceria em torno da mistura do etanol à gasolina, com ótimos resultados ambientais, sobretudo em matéria de qualidade do ar em suas cidades.