Ministro diz que Rússia estará no G20 Crédito: Márcio Batista, MRE

Ministro diz que Rússia estará no G20 Crédito: Márcio Batista, MRE

Putin será recebido se quiser ir ao Brasil, afirma chanceler brasileiro

Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira afirmou à BRASIL JÁ que Itamaraty não cultiva maniqueísmos

01/05/2024 às 08:35 | 3 min de leitura
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A Rússia estará presente na reunião de Cúpula do G20 “como decidir” estar. Ou seja, se Vladimir Putin quiser ir ao Brasil em novembro, será recebido pelo governo brasileiro —embora tenha contra si um mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional. Foi o que afirmou à BRASIL JÁ o chanceler Mauro Vieira, ministro do Brasil das Relações Exteriores.

“Pela experiência que o Itamaraty acumulou ao lidar com esses assuntos ao longo da história, não cultivamos maniqueísmos e procuramos ter diálogo e relações corretas com todos os países, sem exceção”, afirmou, acrescentando que “as posições tradicionais do Brasil, que em geral são bem compreendidas por todos os atores relevantes no mundo”, disse o chanceler.

Leia trechos da entrevista.

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A Europa vive um momento, no mínimo, estranho, em que a Rússia volta, ao menos no discurso, a ser a inimiga a ser combatida, justificando, como na Guerra Fria, o forte discurso bélico. Países europeus historicamente investem menos de 2% de seus PIBs na indústria bélica. Agora, a União Europeia pressiona seus Estados-membros a se fortificar tendo a Rússia como alvo. Como o Brasil acompanha este movimento? A Rússia é mesmo uma ameaça à existência da Europa, como alguns líderes chegam a sugerir?

O caminho do Brasil é o da busca pela paz e pelo entendimento, e por isso as questões vinculadas à paz e à segurança na Europa nos interessam e nos preocupam. Mas, pela experiência que o Itamaraty acumulou ao lidar com esses assuntos ao longo da história, não cultivamos maniqueísmos e procuramos ter diálogo e relações corretas com todos os países, sem exceção. 

A inoperância que testemunhamos hoje no Conselho [de Segurança da ONU], marcado por uma paralisia oriunda da incapacidade dos membros permanentes em construir soluções de compromisso, está na raiz das principais crises no campo da paz e da segurança internacionais que testemunhamos hoje. O Brasil acredita que tem um papel construtivo a desempenhar nesse espaço multilateral.

O Brasil vai mesmo convidar o presidente Vladimir Putin para a Cúpula do G20, independentemente do mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional? A expectativa é de que, apesar do convite, ele não vá, como foi o caso da Índia e da África do Sul?

A Rússia é membro pleno do G20 e se sentará à mesa na cúpula, como os demais países, no nível de representação que Moscou decidir. 

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Algumas lideranças políticas na Europa têm dificuldade de entender o tradicional discurso de paz do Brasil e em especial do presidente Lula. Algumas críticas são compradas inclusive pela imprensa, que associam o seu discurso a tomada de um dos lados dos conflitos. Como o Brasil lida com essas críticas? E como o senhor analisa essa dificuldade de compreender que, para o país, o primeiro ato deve ser sempre a de suspensão da guerra?

São posições tradicionais do Brasil, que em geral são bem compreendidas por todos os atores relevantes no mundo. Não raras vezes esses atores nos pedem ajuda no momento de reabrir canais e mediar tensões. As críticas, nem sempre bem-informadas, fazem parte do debate ruidoso da atualidade, e devem ser respondidas com a serenidade e com a convicção de um país que aposta sempre na paz e na possibilidade de diálogo entre partes em conflito.

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Tanto Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, como Benjamin Netanyahu, de Israel, adotaram em momentos diferentes uma postura agressiva em relação ao presidente Lula, até de maneira incomum na diplomacia quando se trata de lideranças de países aliados. O que houve ou ainda há, na avaliação de Brasília?

Cada país responde por si, e não me cabe comentar atitudes de líderes estrangeiros. Nos casos de conflitos que envolvem os dois países citados, a posição do Brasil foi a mesma, de condenar agressões, inclusive as de natureza terrorista, assim como as violações ao Direito Internacional e ao Direito Internacional Humanitário, mas também de propor o entendimento, o que está em sintonia com nossa tradição diplomática.

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