Elon Musk, ao centro, durante encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu Crédito: EPA, Miichael Reynolds, Lusa

Elon Musk, ao centro, durante encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu Crédito: EPA, Miichael Reynolds, Lusa

Dois pesos e duas medidas de Musk no X

Em outros países, a rede social do bilionário acatou decisões da Justiça

03/09/2024 às 13:00 | 2 min de leitura
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Elon Musk acusa o Brasil de ser uma ditadura porque a Justiça do país ordenou a derrubada de contas no X (ex-Twitter) que espalham desinformação. No entanto, o bilionário não teve o mesmo ímpeto de desafiar as autoridades em relação a outros Estados que tomaram decisões parecidas. 

Diferentemente da conduta adotada no Brasil, onde ele insiste em desrespeitar decisões judiciais, em outros países a plataforma do bilionário cumpriu à risca as ordens da Justiça local, sem acusar uma suposta restrição da liberdade de expressão.

Por exemplo: na Índia, onde Elon Musk não se apresentou como um “absolutista da livre expressão”, o bilionário foi obrigado a respeitar as leis locais durante o eleição de Narendra Modi, que chefia o país pela terceira vez consecutiva.

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Em vez de advogar pela liberdade de opinião, o que a empresa de Musk fez foi calar jornalistas críticos do primeiro-ministro indiano. Os profissionais tiveram suas contas removidas da plataforma X sem nenhum pio do empresário sul-africano radicado nos Estados Unidos.

No ano passado, um documentário produzido pela BBC também foi silenciado pelo governo indiano. A produção britânica denunciava o primeiro-ministro Modi. Tratou, especificamente, da omissão dele durante a revolta de Gujarat, que em 2002 acabou com a morte de mais de mil muçulmanos.

Naquele momento, o Ministério de Informação e Radiodifusão da Índia (órgão do governo e não da Justiça) classificou o documentário como “propaganda de ódio disfarçada”, proibindo sua exibição no país.

Ao ser questionado a respeito da remoção de publicações da plataforma X pelo governo indiano, o bilionário Musk disse não ter ingerência para “violar as leis do país”, justificando que as regras nas redes sociais da Índia são “muito restritas”.

Limitação de alcance na Turquia

Elon Musk também saiu pela tangente em situação semelhante na Turquia, quando a plataforma X foi obrigada a limitar o alcance de vários tuítes que criticavam o governo de Erdogan antes das eleições presidenciais do ano passado.

Ao acatar as ordens internas daquele país, o bilionário afirmou que era necessário restringir para não ter que enfrentar o bloqueio da rede em território turco. 

Na época, Musk chegou a se manifestar após perguntar a usuários o que eles prefeririam. “A escolha é estrangular completamente o Twitter ou limitar o acesso a alguns tuítes”, escreveu.

Europa

Na Alemanha, o X também apagou perfis de grupos neonazistas sem reclamar de susposto autoritarismo de autoridades. Um grupo Baixa Saxônia, no noroeste alemão, ficou impedido de distribuir suas opinião na Alemanha.

Na França, a Justiça determinou que a rede social identificasse os autores anônimos de mensagens racistas, homofóbicas e antissemitas em suas páginas. O Tribunal de Grande Instância de Paris acatou pedido de várias entidades de defesa de direitos, entre elas a União dos Estudantes Judeus da França, segundo a BBC. Não consta que Musk tenha acusado a Estado francês de autoritarismo.

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