Mario Sarrubbo, secretário Nacional de Segurança Pública. Crédito: Centro de Comunicação Social/MP-SP

Mario Sarrubbo, secretário Nacional de Segurança Pública. Crédito: Centro de Comunicação Social/MP-SP

'Episódio claro de racismo' diz secretário Nacional de Segurança sobre ação policial no Rio

Mário Sarrubbo se referiu a abordagem de policiais militares em Ipanema contra jovens negros filhos de diplomatas

11/07/2024 às 11:04 | 3 min de leitura
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Para o secretário nacional de Segurança Pública do Brasil, Mário Sarrubbo, a abordagem de policiais do Rio de Janeiro a adolescentes negros em Ipanema, na Zona Sul do Rio, foi um "episódio muito claro de racismo". 

À BRASIL JÁ, Sarrubbo disse que as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando vermelho (CV) estão em Portugal —e que há portugueses envolvidos. 

A abordagem de policiais militares do Rio a jovens negros no bairro rico, no último dia 3, repercutiu depois que se soube que os adolescentes eram filhos de diplomatas. 

O episódio truculento, com os PMs empunhando fuzis ao cercar o grupo, seria só mais um não fossem os pais dos garotos serem membros de corpo diplomático estrangeiro. 

Queixas e denúncias de racismo ganharam corpo e forçaram a corporação a abrir uma investigação sobre o comportamento dos policiais, que serão ouvidos pela corregedoria da polícia nesta quinta (11).

Ao comentar o episódio, Sarrubbo afirmou que o racismo estrutural afeta todos os segmentos da sociedade —incluindo as forças policiais, no Brasil. O secretário Nacional disse que o Ministério da Justiça está empenhado em combater essa questão com cursos antirracistas para policiais.

“O Brasil ainda é um país com o racismo muito estruturado e isso repercute nos mais variados segmentos da sociedade brasileira, em especial e também, por óbvio, nas polícias”, afirmou o secretário.

Segundo Sarrubbo, é crucial abordar o racismo de frente, pois "se o negro já tem hoje dificuldades para fazer a sua alavancagem social no Brasil, fica muito mais difícil quando ele é vítima de uma ação racista também por parte das polícias e, por que não, do sistema de Justiça".

“A gente tem programado aqui inúmeros cursos para atividade policial antirracista, abordando esse tema de frente com as polícias de todo o Brasil, porque é necessário”, disse.

De acordo com o secretário, a disparidade racial está evidente nos estabelecimentos prisionais do país. 

“Quando a gente olha para os nossos estabelecimentos prisionais, a gente percebe de forma muito clara que a esmagadora maioria dos presos é negra. Então, é um problema estrutural, é um problema que nós estamos atentos e estamos trabalhando diariamente”, disse.

 

O caso

A investigação conduzida pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro apura a abordagem feita a quatro adolescentes em Ipanema, três deles negros e filhos de diplomatas do Canadá, Gabão e Burkina Faso. O caso ocorreu na quarta (3) e chamou atenção pela violência dos PMs. 

Rhaiana Rondon, mãe do adolescente branco no grupo, acusou os policiais de uma conduta "desproporcional, racial e criminosa". 

Segundo relatos, os adolescentes negros não entenderam as ordens dos policiais por serem estrangeiros e não conseguiram responder às perguntas. Eles foram liberados após o adolescente branco explicar que estavam na cidade como turistas.

A Polícia Militar informou que os policiais envolvidos usavam câmeras corporais, e que as imagens estão sendo analisadas para verificar se houve abuso. A corporação ressaltou que seus cursos de formação incluem disciplinas de Direitos Humanos e Ética. 

Governador saiu em defesa de PMs

O Itamaraty enviou um ofício ao governo do Rio de Janeiro solicitando uma investigação sobre o incidente e pediu desculpas públicas pela ação da PM fluminense.

Apesar de ação ter sido filmada e as imagens terem viralizado, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), saiu em defesa dos policiais. Ele criticou a postura do Itamaraty em duas ocasiões.

Na quarta (10), afirmou que "quando eles [Itamaraty] querem, eles ligam. Enviar um ofício posterior não quer dizer nada depois de ter avacalhado a polícia". E no dia anterior, Castro já havia alfinetado o órgão federal dizendo que criticar a polícia era fácil.

"Eles [Itamaraty] preferiram botar nota pública antes de saber o que aconteceu. Acho até que isso é uma coisa que a gente tem que tomar cuidado, porque atacar a polícia antes de saber o que aconteceu é muito fácil", declarou o governador.

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