No próximo dia 20, em São Paulo, líderes empresariais brasileiros e portugueses participarão de um encontro sobre o futuro do comércio bilateral entre Brasil e Portugal. A BRASIL JÁ apurou que a reunião faz parte da programação paralela à Cúpula Brasil-Portugal, que ocorre nos dias 18 e 19, em Brasília.
Na capital paulista, o evento vai reunir representantes de diversas câmaras de comércio, federações empresariais e associações do setor produtivo.
O destaque da programação será a elaboração de um documento com demandas de empresários brasileiros que atuam em Portugal. No texto, eles apontarão os principais entraves que atrapalham as relações comerciais entre ambos países. E mais.
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A redação também proporá soluções que dinamizem as trocas comerciais. O documento contará com a subscrição das federações de indústrias de vários estados do Brasil, Câmara do Comércio e Indústria Luso-Brasileira, Clube Mulheres de Negócios em Língua Portuguesa, entre outros.
O conteúdo indica diversas barreiras regulatórias e logísticas que travam a competitividade das empresas brasileiras no mercado português —e vice-versa.
Entre os principais desafios apontados estão:
- Barreiras não tarifárias: exigências fitossanitárias rigorosas da União Europeia, diferentes padrões de alfândega e certificações complexas que dificultam a entrada de produtos brasileiros no mercado português.
- Altos custos portuários: taxas elevadas para movimentação de contêineres e ineficiência nos portos portugueses tornam a importação de produtos brasileiros menos competitiva.
- Infraestrutura logística deficiente: Falta de integração entre diferentes modais de transporte, o que encarece e atrasa o escoamento de mercadorias entre os dois países.
- Concorrência desleal com produtos europeus e africanos: Os produtos brasileiros muitas vezes enfrentam desvantagem devido a tarifas diferenciadas e exigências de certificações socioambientais que nem sempre são exigidas de fornecedores de outros continentes.
- Dificuldade para pequenos e médios empreendedores: A internacionalização de pequenas e médias empresas enfrenta entraves burocráticos, falta de financiamento adequado e desconhecimento sobre as normas do mercado europeu.
- Problemas com certificações de origem: Produtos brasileiros como queijos, cachaça e chocolates sofrem com a falta de reconhecimento de suas certificações, levando a uma concorrência desleal com itens produzidos em Portugal que se apropriam da identidade brasileira.
Para resolver esses desafios e ampliar as trocas comerciais, os empresários propõem:
- Simplificação dos trâmites alfandegários: harmonização das certificações entre o Mercosul e a União Europeia, garantindo mais previsibilidade e menos custos para exportadores brasileiros.
- Digitalização de processos logísticos: implementação de tecnologias como blockchain para rastreabilidade de cargas, reduzindo custos e burocracia.
- Acordos bilaterais para facilitação do comércio: definição de setores prioritários como agronegócio e indústria para maior integração comercial.
- Apoio a pequenos produtores: criação de programas de assistência técnica para ajudar micro e pequenos produtores brasileiros a atenderem às exigências europeias.
- Parcerias com incubadoras e aceleradoras: conectar startups e Pequenas e Médias Empresas (PMEs) brasileiras ao ecossistema de inovação português.
- Comissão bilateral para certificação de origem: para garantir que produtos brasileiros não sejam imitados por equivalentes europeus, prejudicando a concorrência justa.
A quem será entregue o documento
O documento será entregue aos representantes do governo brasileiro e português e a instituições como a Apex Brasil, Sebrae e federações da indústria.
O empresariado espera que as propostas sejam discutidas em nível governamental e transformadas em medidas concretas para facilitar o fluxo comercial entre Brasil e Portugal.
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A Cúpula Brasil-Portugal 2025 representa uma oportunidade para reestruturar as relações comerciais entre os dois países.
Segundo fontes consultadas pela reportagem, desafios históricos podem ser superados, permitindo um comércio mais dinâmico, eficiente e justo para ambos os lados.