11/01/2025 às 21:23
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Milhares saíram em passeata neste sábado (11), na avenida Almirante Reis, para protestar contra a ação policial no Martim Moniz e o tratamento dado aos imigrantes. A manifestação reuniu ativistas, políticos, imigrantes e mais pessoas indignadas com a operação.
“Nós não gritamos porque não sabemos o que é que eles estão gritar, mas estamos cá”, afirmou à Lusa o engenheiro António Azevedo, de 64 anos, que saiu do Fundão para participar da marcha.
Assim como os outros milhares que percorreram ruas da capital, Azevedo atendeu à convocação pelas redes sociais do protesto batizado de “Não nos encostem à parede”.
Entre blocos de samba, comitivas partidárias, associações de imigrantes e organizações não-governamentais, cada um a gritar palavras de ordem, António e a companheira Helena Moreira, de 63 anos, seguiam calados, mas de mãos dadas.
“Aquilo que está a acontecer em Portugal é uma coisa indecente. Vamos acompanhando esta discriminação toda contra esta gente que veio cá lutar pela sua vida no nosso país”, acrescentou António, ao comentar a intervenção da polícia na rua do Benformoso, no Martim Moniz, em 19 de dezembro.
Contra o fascismo e a favor do amor
Ao lado do casal do Fundão, seguia um grupo de ativistas do Bloco de Esquerda a gritarem “fascistas, fascistas, chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vao embora”.
Também presente no protesto, o grupo Sambação, ativistas LGBT, pregava o amor, ao lado de uma associação de bangladeshianos, com mulheres usando o hijab.
A organização fala em 15 mil participantes, e quando a cabeça da coluna que descia a Almirante Reis passou a praça do Chile, ainda havia centenas esperando a oportunidade de sair da Alameda Afonso Henriques.
Amina, uma imigrante síria, seguia à frente da manifestação. Vivendo em Portugal há três anos, a técnica de informática diz que nunca se sentiu discriminada, ao contrário do que ocorria no Reino Unido, onde vivia.
“Lá sente-se mesmo o racismo. Eu, aqui, não senti nunca. Mas vivo em Lisboa, sou branca e sou instruída”, afirmou a jovem.
Ao lado dela, o advogado Ricardo Sá Fernandes subia a avenida para se encontrar com os manifestantes.
“Os portugueses estão a dar um sinal aqui que não concordam com qualquer discriminação. Estamos todos juntos”, afirmou. Para ele, não houve polarização política nas ruas de Lisboa nesta tarde, embora um outro protesto fora convocado pela extrema direita, em defesa da PSP.
“Está aqui muita gente. Tenho muito orgulho nestas pessoas”, afirmou.
Slimani veio de Marrocos e decidiu participar da manifestação. De cravo na mão, e acompanhado da mulher, Slimani fez considerações sobre a pluralidade em Portugal, afirmando que, de certo modo, compreende o estranhamento com estrangeiros, mas lembra também que somos todos pessoas.
“É normal [o estranhamento]. A primeira reação é estranharmos, mas somos todos pessoas. E o Estado tem de ser de todos”, disse.
*Com a Lusa
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