Diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados, André Costa Jorge. Crédito: Reprodução, LinkedIn

Diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados, André Costa Jorge. Crédito: Reprodução, LinkedIn

Jesuítas criticam políticos que se aproveitam dos imigrantes para criar medo

'Este sempre foi um país de emigrantes', afirmou André Costa Jorge, diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados

27/07/2024 às 15:59 | 2 min de leitura
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O diretor-geral do Serviço Jesuíta aos Refugiados, André Costa Jorge, criticou o “aproveitamento político” da situação dos imigrantes por parte de alguns dirigentes portugueses e os responsabilizou por questões de insegurança ou falta de acesso à habitação.

Na questão da imigração, há políticos que preferem uma discussão em torno de “alguns ‘soundbytes’ e algumas noções pouco verdadeiras e procuram puxar as questões da segurança e da habitação num tom mais alarmista”, afirmou Costa, em entrevista à Lusa.

Durante muito tempo, “a reação [a quem chegava a Portugal] foi positiva, até porque os portugueses se sentem identificados com a dinâmica emigração e imigração”, mas o tema tem sido “mais usado como argumento no debate político”, criando uma “suposta relação entre a criminalidade e a imigração”.

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Nesse contexto, houve “um partido que ocupou esse espaço de debate na sociedade portuguesa, trazendo temas como a insegurança” ou a “relação entre oferta de habitação e a capacidade que o país tem de acolher as pessoas”, procurando criar “ruído no debate público”.

E isso gerou “preocupações no cidadão comum relativamente à capacidade que Portugal tem para integrar bem os imigrantes” e o debate “nem sempre é feito de forma saudável ou de forma aprofundada”.

E isso tem levado, para André Costa Jorge, a que o tema seja “cada vez mais um tema de tensão na sociedade portuguesa”, ao contrário do passado recente.

“Este sempre foi um país de emigrantes” e “todo o português tem ainda consciência do que é sair, procurar melhores condições de vida faz parte do nosso património identitário”, afirmou.

No entanto, “Portugal como país de acolhimento é uma realidade relativamente nova” e, num primeira fase, foram recebidas “pessoas que tinham alguma relação cultural histórica”, como as ex-colônias.

Contudo, nos últimos anos, “as comunidades imigrantes tornaram-se cada vez mais presentes e mais relevantes” na sociedade portuguesa e o tema do asilo passou a estar também na agenda pública.

“A questão do asilo e refugiados era uma questão muito marginal, mesmo dentro de dentro da área das migrações”, mas passou a ter “uma certa centralidade do debate político, nem sempre da melhor forma e nem sempre esclarecedora”.

Recentemente, o JRS inaugurou um centro de acolhimento em Vendas Novas, que permite uma capacidade de cerca de 160 pessoas, procurando “fazer face às necessidades que o país tem de responder aos pedidos de acolhimento de apoio de asilo”.

No passado, a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que integra uma série de associações, escolheu um modelo para colocar pessoas em redes de proximidade, muitas vezes em contextos familiares, uma solução que “exige maior dispersão de recursos e menor capacidade de escala.

Mas, antes disso, a existência destes centros permite “soluções de transição”, numa primeira fase. Aqui, “conseguimos perceber quais são as necessidades das pessoas, quais são os sonhos das pessoas”, explicou André Costa Jorge.

Depois, procura-se colocar as pessoas noutros locais, “preferencialmente habitação autônoma imediatamente, a partir da qual podem começar a reconstruir a sua vida”.

O objetivo é encontrar zonas nas quais tenham “oportunidades de trabalho, de apoio familiar e de apoio à saúde”.

Com a Agência Lusa

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