A notícia da morte do papa Francisco, aos 88 anos, nesta segunda (21), desencadeou uma onda de comoção global. Líderes políticos, religiosos e sociais prestaram homenagem àquele que foi o primeiro pontífice latino-americano e uma das figuras mais marcantes do século 21.
A trajetória do papa, pautada pela humildade, defesa dos mais necessitados e busca por uma Igreja mais inclusiva e próxima das minorias, foi lembrada em pronunciamentos oficiais e mensagens nas redes sociais.
O presidente Lula lamentou profundamente a morte do papa Francisco, destacando sua trajetória como uma voz global de respeito e acolhimento. Segundo Lula, o pontífice argentino foi um exemplo vivo dos valores cristãos, propagando o amor, a tolerância e a solidariedade em cada gesto e palavra. “A humanidade perde hoje uma voz de respeito e acolhimento ao próximo”, afirmou.
Inspirado na oração de São Francisco de Assis, o papa, nas palavras do presidente, buscou “levar o amor onde existia o ódio” e promover a união em tempos de discórdia. Para Lula, Francisco foi um líder espiritual que compreendeu profundamente a urgência dos desafios globais, especialmente os ligados ao meio ambiente. “Com sua simplicidade, coragem e empatia, Francisco trouxe ao Vaticano o tema das mudanças climáticas”, destacou, lembrando também das críticas do pontífice aos modelos econômicos geradores de injustiça e desigualdade.
Lula recordou ainda os encontros que teve com o papa ao lado da primeira-dama, Janja, momentos em que puderam compartilhar ideais comuns de paz, igualdade e justiça. Em sinal de respeito e homenagem, o presidente decretou luto oficial de sete dias no Brasil. “O Santo Padre se vai, mas suas mensagens seguirão gravadas em nossos corações”, concluiu.
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, também lamentou a morte do pontífice, a quem descreveu como “um papa extraordinário”, de “um singular legado de humanismo, empatia, compaixão e proximidade às pessoas”.
Montenegro recordou as visitas do pontífice a Portugal, tanto no Centenário das Aparições de Fátima quanto na Jornada Mundial da Juventude, momentos que “marcaram o nosso país” e fortaleceram os laços entre os portugueses e Sua Santidade.
Em nome do governo, apresentou “as mais sentidas condolências à Santa Sé e a todos os católicos do mundo”, e afirmou que a melhor forma de honrar o papa Francisco é “seguir os seus ensinamentos e o seu exemplo” no dia a dia.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, também manifestou-se com pesar pela morte de Francisco, dizendo-se solidário com “os milhões de pessoas que choram” a partida do pontífice.
Segundo repercutido pela Lusa, Costa destacou o compromisso de Francisco com “os grandes desafios globais do nosso tempo”, reconhecendo o impacto do seu pontificado para além das fronteiras da Igreja Católica.
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também vai se pronunciar oficialmente sobre a morte de Francisco. Em nota publicada no site da Presidência, foi anunciado que o chefe de Estado fará uma declaração ao país às 20h desta segunda, em homenagem ao pontífice.
O presidente da França, Emmanuel Macron, foi um dos primeiros chefes de Estado a render tributo ao pontífice argentino. Num tom pessoal, Macron ressaltou o papel de Francisco na aproximação da Igreja Católica com os mais vulneráveis e na sua preocupação com o planeta.
"De Buenos Aires a Roma, o papa Francisco aspirava que a Igreja levasse alegria e esperança aos mais desfavorecidos, unindo as pessoas entre si e com a natureza. Que essa esperança perdure e floresça para além de sua presença", declarou o presidente francês em suas redes sociais, acrescentando: "Minha mulher e eu enviamos nossos sentimentos a todos os católicos e ao mundo enlutado".
A menção ao compromisso ambiental do papa ecoa uma das grandes marcas de seu pontificado. Francisco foi autor da encíclica Laudato Si, um dos documentos católicos mais relevantes sobre a preservação da "casa comum", como ele se referia ao planeta Terra.
A obra era a tradução de um esforço pessoal de Francisco para conciliar fé e sustentabilidade, o que lhe atribuiu respeito não apenas no meio religioso, mas também entre líderes globais e ativistas ambientais.
Nos Estados Unidos, o vice-presidente JD Vance compartilhou ter se encontrado com o papa no dia anterior à morte e recordou a homilia proferida por Francisco nos primeiros dias da pandemia de Covid.
Na Alemanha, o chanceler, Friedrich Merz, escreveu sobre a humildade e a fé do papa Francisco, afirmando que ele será lembrado por seu compromisso incansável com os membros mais vulneráveis da sociedade.
O primeiro-ministro dos Países Baixos, Dick Schoof, afirmou que Francisco foi "um homem do povo", cuja vida sóbria, atos de serviço e compaixão o tornaram um modelo para muitos, católicos e não católicos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ressaltou que o papa inspirou milhões com sua humildade e amor pelos menos favorecidos, estendendo sua influência para além dos limites da Igreja Católica.
Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, descreveu Francisco como "o papa do povo", lembrado por seu amor à vida, esperança na paz e compaixão pela igualdade e justiça social.
Na Ásia, o cardeal Pablo Virgilio David, presidente da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas, expressou choque com a notícia e pediu que os sinos das igrejas tocassem em homenagem ao papa.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Christopher Luxon, enfatizou o papel de Francisco na promoção da justiça social e do diálogo inter-religioso.
Próximos passos no Vaticano
Com o falecimento de Francisco, a Igreja Católica se prepara para mais um conclave, o segundo em pouco mais de uma década, para eleger o novo sucessor de Pedro.
A expectativa é de que o processo seja iniciado nas próximas semanas, após os rituais funerários, cujos detalhes ainda não foram divulgados pelo Vaticano.
*Matéria em atualização.