10/12/2024 às 12:14
| 3 min de leitura
Publicidade
Com o acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia, a ApexBrasil estima um incremento de mais de 7 bilhões de dólares nas exportações do país no curto prazo, além de potencializar, diversificar e trazer valor agregado à pauta exportadora do Brasil.
A redação final do acordo foi finalmente fechada na última sexta (6), após 25 anos, abrindo caminho para uma nova fase nas relações comerciais entre os dois blocos econômicos. O tratado promete zerar tarifas sobre 100% dos bens industriais e 77% dos bens agrícolas, ampliando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado europeu.
A assinatura do acordo marca um ponto de inflexão na balança comercial brasileira. Atualmente, a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, mas sua participação nas exportações nacionais caiu de 23% em 2003 para 13,6% em 2023, reflexo do fortalecimento das relações comerciais com o Leste Asiático, especialmente a China.
Com o novo acordo, o Brasil pretende recuperar o espaço perdido no mercado europeu. Igor Celeste, gerente de Inteligência de Mercado da ApexBrasil, afirmou que de início haverá menos impostos para 242 produtos, uma redução que pode ser imediata ou feita ao longo de quatro anos.
Segundo ele, isso representa, hoje, 3,5 bilhões de dólares e 3,2% das importações europeias. "Se alcançarmos 10% de participação, o que é viável dada a desgravação [redução de impostos], estamos falando em sete bilhões de dólares em curtíssimo prazo, estimou Celeste.
A projeção de crescimento é respaldada pelas oportunidades dessa redução tarifária que o acordo oferece. Segundo a ApexBrasil, as 242 linhas tarifárias da União Europeia estão relacionadas a 109,8 bilhões de dólares em importações anuais do bloco, e que a partir de então estarão isentas de tarifas.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que o Brasil poderá aproveitar mais de 1 800 oportunidades de curto prazo, segundo mapeamento da instituição que preside. Café, milho, suco de laranja, mel e mais produtos estão entre os alimentos que têm a ganhar com a redução tarifária.
"O acordo entre o Mercosul e a União Europeia envolve 25% da economia global e 780 milhões de pessoas. [...] O Brasil poderá aproveitar as mais de 1 800 oportunidades de curto prazo para o bloco que a ApexBrasil mapeou, com destaque para uma ampla gama de produtos, como café, milho, suco de laranja, mel natural, aviões, calçados, móveis de madeira, entre muitos outros”, disse Viana.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou o papel do tratado no fortalecimento de uma nova ordem econômica global mais sustentável e inclusiva.
"Defendemos no G20 uma reglobalização sustentável do ponto de vista social, econômico, ambiental e geopolítico. Esse acordo com a União Europeia consolida essa visão", afirmou o ministro.
Segundo ele, a parceria reforça a posição do Brasil no cenário internacional e concretiza a defesa de um comércio global mais equilibrado e sustentável, uma das bandeiras do país durante a presidência do G20.
Outro ponto destacado pelo governo é o impacto nos fluxos de investimentos. A União Europeia é a principal origem de Investimento Estrangeiro Direto no Brasil, com estoque de 497 bilhões de dólares em 2023, o que corresponde a 38% do total de investimento estrangeiro no país.
Com o acordo, espera-se uma recuperação dessa participação, que já chegou a 49% em 2019, mas vinha caindo nos últimos anos.
À BRASIL JÁ, Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, destacou os possíveis ganhos econômicos e sociais trazidos pelo acordo, além do simbolismo diplomático de sua conclusão.
“Em um mundo conflituoso, o acordo União Europeia-Mercosul, depois de mais de 20 anos de negociação, se traduz pela integração e cooperação para o crescimento econômico, geração de empregos e erradicação da miséria. Os parlamentos, de lá e de cá, agora darão seguimento às novas etapas”, afirmou a ministra.
O texto do acordo ainda precisará ser ratificado pelos parlamentos dos países do Mercosul e da União Europeia para entrar em vigor.
Especialistas apontam que, além de impulsionar o comércio bilateral, o tratado tem potencial para estimular uma nova onda de investimentos europeus no Brasil, fortalecendo setores estratégicos como o agronegócio e a indústria de transformação.
Jornalismo verdadeiramente brasileiro dedicado aos brasileiros mundo afora
Os assinantes e os leitores da BRASIL JÁ são a força que mantém vivo o único veículo brasileiro de jornalismo profissional na Europa, feito por brasileiros para brasileiros e demais falantes de língua portuguesa.
Em tempos de desinformação e crescimento da xenofobia no continente europeu, a BRASIL JÁse mantém firme, contribuindo para as democracias, o fortalecimento dos direitos humanos e para a promoção da diversidade cultural e de opinião.
Seja você um financiador do nosso trabalho. Assine a BRASIL JÁ.
Ao apoiar a BRASIL JÁ, você contribui para que vozes silenciadas sejam ouvidas, imigrantes tenham acesso pleno à cidadania e diferentes visões de mundo sejam evidenciadas.
Além disso, o assinante da BRASIL JÁ recebe a revista todo mês no conforto de sua casa em Portugal, tem acesso a conteúdos exclusivos no site e convites para eventos, além de outros mimos e presentes.
A entrega da edição impressa é exclusiva para moradas em Portugal, mas o conteúdo digital está disponível em todo o mundo e em língua portuguesa.