Rosário Manuel, 27 anos, cobrador de transporte de passageiros em Manica, Moçambique Crédito: Estevão Chavisso, Lusa

Rosário Manuel, 27 anos, cobrador de transporte de passageiros em Manica, Moçambique Crédito: Estevão Chavisso, Lusa

Moçambique sai às urnas em dia de chuva e de esperança

Eleitores aspiram por democracia ao votar para presidente, governadores e deputados

09/10/2024 às 10:35 | 2 min de leitura
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A chuva inesperada que entristeceu a manhã em Maputo não conseguiu roubar o sorriso a Beatriz Mota, de 64 anos, que chegou uma hora antes de se abrirem as urnas para as eleições gerais de Moçambique. 

“É um direito que nós temos. Não era a chuva que nos ia impedir. Que cada um eleja o que quer e espero que os próximos anos sejam melhores. Todos viemos exercer o direito cívico. Tenho 64 anos e é uma honra poder exercer o meu direito cívico”, disse aquela que foi a primeira a votar na Escola Primária 25 de Setembro, em Maputo, satisfeita com o fato de se terem formado filas antes do início da votação.

Perto do local de votação, pessoas em situação de rua guardam as mantas ensopadas.

Vítor Mavie, de 49 anos, ao ser abordado pela reportagem falou da importância de votar nestas eleições que marcam “um ciclo”, no qual os candidatos “vão determinar o que vai ser o desenvolvimento do país nos próximos cinco anos”.

“Acredito que as pessoas estão a ganhar consciência e que é um direito cívico, porque se alguém não vai votar depois não tem como reclamar, seja o que for que acontecer, não pode reclamar pelas escolhas que os outros fizeram”, afirma.

DEMOCRACIA: MOÇAMBIQUE VAI ÀS RUAS

Com 68 anos, Júlio Massango votou sempre desde que há eleições em Moçambique. Nesta eleição, diz ele, “há uma esperança que possa haver uma mudança, pese o que houve nas eleições autárquicas”. 

Massango diz gostar de ver “o cordão de gente” próximo à assembleia de voto e espera que “tudo corra bem”, mas para isso, acrescenta, “é preciso que os resultados do voto sejam reais, que não haja as habituais fraudes eleitorais, que infelizmente têm caracterizado todos os ciclos, quase”.

Bernardino Álvaro, de 63 anos, chegou apoiado numa muleta, mas ainda assim foi um dos primeiros a votar. Ele elogiou a organização e a calma com que começou a votação e garantiu que “a chuva está abençoar” as eleições, importantes para Moçambique, que vive “uma era” em que é preciso saber escolher bem, “a pessoa certa”. 

As mesas de votação nas eleições gerais moçambicanas, que vão escolher um novo presidente da República, começaram a abrir às 7h (6h em Lisboa), com ligeiros atrasos em alguns pontos, e vão funcionar até às 18h.

A Comissão Nacional de Eleições recenseou 17 163 686 eleitores, incluindo 333 839 que vão votar em sete países africanos e dois europeus.

As eleições gerais incluem as sétimas presidenciais, em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

Mobilização para o voto Crédito: José Coelho, Lusa

Concorrem à Presidência da República Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição).

A publicação dos resultados da eleição presidencial, caso não haja segunda volta, pode demorar até quinze dias, antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.

A votação inclui legislativas (250 deputados) e para assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com 794 mandatos a distribuir. A Conselho Nacional Eleitoral aprovou listas de 35 partidos políticos candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores às assembleias provinciais.

Segundo o órgão, foram credenciados para acompanhar as eleições 11 516 observadores nacionais e 412 observadores internacionais, incluindo Missões de Observação Eleitoral da União Europeia, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, entre outras organizações.

Com Lusa

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