Mais violência atribuída a terroristas que atuam na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. À Agência Lusa, fontes locais relataram uma jovem foi morta em Litamanda, e que carros têm sido interceptados pelos criminosos. Um motorista que fazia o transporte de passageiros chegou a ser sequestrado.
O rapto, informou a agência, aconteceu na tarde de sexta (9), na estrada Nacional 380 (N380), no cruzamento de Unguia, a 56 quilômetros da sede distrital de Meluco. A vítima se recusou a parar após ter sido interceptada pelos criminosos.
Os bandidos, então, dispararam contra os pneus do carro e ordenaram a retirada de todos os passageiros, obrigando o motorista a seguir no veículo.
“Ele logo percebeu que eram eles [terroristas], só que queria desafiar, como estava de carro, tipo correr. Furaram o carro e pneus. Aos outros foi dito 'podem ir a pé'”, relatou uma fonte que estava na viatura, a partir da sede distrital de Ancuabe.
No mesmo dia, um motorista da Direção de Identificação Civil, que ia de Meluco para a cidade de Pemba, encontrou, durante o trajeto, a comunidade de Unguia totalmente abandonada, tendo a população ido se refugiar em uma mata próxima.
“Voltou para as matas e encontrou um grupo de pessoas a quem pediu um telefone para comunicar com a esposa, alertando sobre a situação”, acrescentou outra fonte, relatando que não é a primeira vez que os grupos chamados de terroristas param carros naquele trecho da N380.
No ponto da estrada em questão, não há escolta militar, diferentemente do que acontece em outros locais de Cabo Delgado.
Já na tarde de domingo, perto da aldeia de Nangororo, no distrito de Meluco, outro veículo de transporte de passageiros foi parado. O utilitário fazia a ligação entre Nampula e Palma, e havia quase 60 pessoas, que foram roubadas.
“De repente os terroristas, num bom número e todos armados, saíram na estrada e interpelaram o carro. Obrigaram os passageiros a entregarem dinheiro como condição para a viagem continuar. Os passageiros entregaram o dinheiro e [eles] deixaram a viagem continuar”, disse uma fonte, a partir de Macomia, relatando o pânico sentido pelos ocupantes, tendo o caso sido comunicado às autoridades.
Já na manhã de sábado (10), outro grupo de criminosos atacou a comunidade de Litamanda, distrito de Macomia. Segundo relato, uma jovem de 19 anos foi morta, o que gerou pânico entre os moradores, que fugiram para a vizinha comunidade de Chai, que conta com um agrupamento militar.
“Eles entraram em Litamanda porque tem um número muito reduzido de pessoas a viver. A jovem foi encontrada morta nas imediações”, disse fonte próxima da vítima.
O que acontece em Cabo Delgado
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada, com ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Alguns distritos junto aos projetos de gás foram liberados do controle do grupo extremista.
Após um período de relativa estabilidade, novos ataques e movimentações foram registados em Cabo Delgado nas últimas semanas, embora as autoridades locais suspeitem que a movimentação esteja ligada à perseguição imposta pelas forças de defesa e segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.
O conflito já deslocou um milhão de pessoas, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4 000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, projeto, através de dados,monitora a localização de conflitos armados.
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