Governos de 82 países, além de organismos multilaterais, bancos de desenvolvimento e entidades filantrópicas, aderiram à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa brasileira para eliminar a fome e a pobreza extrema.
A assinatura marca o prelúdio do lançamento oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Na prática, o plano proposto pelo Brasil durante esta edição do G20, no Rio de Janeiro, foca em levar a cabo estratégias para combater desigualidades e inclui transferências de renda, oferta de merendas escolares, inclusão socioeconômica, assistência à saúde materna e infantil, agricultura familiar e soluções para o acesso a água.
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O intuito do governo brasileiro com a aliança é revitalizar os chamados objetivos de desenvolvimento sustentável 1 e 2 —metas estipuladas a nível global para garantir a erradicação da fome e da pobreza. O lançamento oficial da Aliança acontece durante a Cúpula de Líderes do G20 ainda nesta segunda (18).
Entre os países que já aderiram, estão dezoito dos dezenove integrantes do G20. A Argentina, governada pelo presidente de extrema direita, Javier Miliei, inicialmente não assinou o acordo, mas logo em seguida voltou atrás e informou que participará do pacto.
Desafios globais
A proposta do Brasil surge num contexto alarmante, uma vez que os esforços de reduzir as taxas de pobreza são insuficientes para cumprir metas da chamada Agenda 2030. Estima-se que 622 milhões de pessoas viverão com menos de 2,15 dólares por dia este ano.
A situação da fome também é preocupante, com projeções de 582 milhões de pessoas subalimentadas, número equivalente ao registrado em 2015, quando os ODS foram estabelecidos.
Ao tratar do tema durante o encontro multilateral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “enquanto houver famílias sem comida em suas mesas, crianças pedindo nas ruas e jovens sem esperança de um futuro melhor, não haverá paz".
"O mundo produz comida suficiente para todos, e sabemos pela experiência que políticas públicas bem desenhadas, como o Bolsa Família e refeições escolares, podem acabar com a fome e restaurar a dignidade das pessoas.", acrescentou Lula.
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O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, avaliou que “acabar com a fome e a pobreza extrema não é tão difícil, nem proibitivamente caro". Para ele, o que "falta é a vontade política para priorizá-lo como uma questão urgente.”
A iniciativa reúne 41 governos, treze organizações internacionais e dezenove instituições filantrópicas e ONGs, visando otimizar recursos e coordenação para combater a fome e a pobreza de maneira mais eficaz.
Nesse contexto, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, anunciou um aporte adicional de 25 bilhões de dólares para a iniciativa.
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"O BID está totalmente comprometido com sua missão. Juntos, podemos acabar com a pobreza extrema na América Latina até 2030", afirmou Goldfajn.
Akihiko Nishio, do Banco Mundial, acrescentou: “Trabalharemos com governos e parceiros para ampliar a proteção social a 500 milhões de pessoas até 2030.”
A ministra britânica Anneliese Dodds lembrou do impacto desses programas: “Iniciativas como o Bolsa Família do Brasil demonstraram como recursos direcionados podem transformar vidas.”
Refeições escolares para 150 milhões de crianças
No âmbito da merenda escolar, a estimativa é que o plano dobre o número de crianças atendidas, alcançando 150 milhões até 2030. A Indonésia e a Nigéria já anunciaram ampliação de seus programas.
Cindy McCain, diretora do PMA, afirmou: “Refeições escolares são um divisor de águas na luta contra a fome, apoiando a educação e fortalecendo sistemas alimentares locais”.
Programas como o “Acredita”, no Brasil, e a expansão de iniciativas no Quênia pretendem retirar milhões de pessoas da pobreza. Agricultores familiares e pequenos produtores também receberão maior apoio, com reconhecimento do papel crucial na segurança alimentar global.
Além disso, governos do Brasil, Bolívia e Senegal assumiram compromissos para ampliar o acesso a água, crucial para a agricultura e o consumo humano.
O vice-ministro boliviano Álvaro Mollinedo afirmou que “cisternas acessíveis permitem coletar água da chuva, melhorando significativamente a segurança hídrica e alimentar.”