Mulher deposita voto em urna durante as eleições legislativas. Crédito: EPA, Andre Kosters, Lusa

Mulher deposita voto em urna durante as eleições legislativas. Crédito: EPA, Andre Kosters, Lusa

Projeções de TVs indicam vitória da AD, e crescimento do Chega

Guinada à direita pode triplicar bancada da extrema direita na Assembleia da República

10/03/2024 às 20:17 | 3 min de leitura
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As projeções de emissoras de televisão sobre as eleições legislativas, realizadas neste domingo (10), apontam para uma guinada à direita em Portugal —inclusive com crescimento da bancada da extrema direita. 

Confira abaixo os resultados, segundo as projeções.

TVI/CNN

A estimativa TVI/CNN aponta provável vitória da Aliança Democrática (AD), tendo o partido conquistado virtualmente entre 33% e 28% dos votos, com uma bancada que poderá ter entre 91 e 79 deputados. 

O Partido Socialista (PS), que em 2022 foi eleito com maioria absoluta, passaria a ser a segunda força no Parlamento, conquistando entre 29,5% e 24,5%. A margem de erro da pesquisa boca de urna admite a possibilidade de empate técnico. 

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O Chega, segundo a TVI/CNN, pode duplicar a bancada, com 21,6% a 16,6% dos votos, e uma bancada na Assembleia da República composta por 47 a 35 deputados. 

RTP/Universidade Católica

A pesquisa da RTP/Universidade Católica indicam que a AD vence as eleições, com 29% a 33% dos votos, 25% a 29%, Chega 14% a 17% —o que poderia triplica sua bancada—, IL 5 e 7, BL 4 a 6.

Confirmada a boca de urna da RTP/Católica, a AD forma uma bancada de 83 a 91 deputados; o PS, de 77 a 69; o Chega de 40 e 46, o IL de 7 e 10, e o BE de 5 e 7.

Nem AD nem PS formam sozinhos governo. Mas AD, se coligando com o IL, formam mais deputados que toda a esquerda e a centro-esquerda.

De acordo com o estudo da Católica, a AD arrecada entre 29% e 33%, acima dos 25% a 29% que o PS poderá garantir. Estas percentagens são traduzidas para a AD num número de parlamentares entre 83 e 91. Os socialistas deverão assegurar de 69 a 77 deputados.

Em terceiro lugar nesta projeção ficou o Chega, com 14 a 17% dos votos e 40 a 46 deputados.

Seguem-se a Iniciativa Liberal com 5% a 7% (7 a 10 parlamentares), o Bloco de Esquerda com 4% a 6% (5 a 7 mandatos), o Livre com 3% a 5% (4 a 6 lugares) e a CDU com 2% a 4% (2 a 3 assentos).

Na oitava posição surge o PAN com 1,5% a 2,5% que poderão corresponder a zero ou dois deputado

SIC

Sondagem ICS/ISCTE/GfK Metris, divulgada pela SIC, mostra que AD lidera a projeção (27,6% a 31,8% dos votos), seguida pelo PS (24,2% a 28,4% dos votos).

A terceira força política, o Chega, se consolida com representação parlamentar (16,6% a 20,8%). A boca de urna indica que está tudo em aberto sobre o crescimento (ou queda) de partidos com menor expressão.

Se confirmadas as sondagens da ICS, a AD forma uma bancada entre 77 e 89 deputados; PS entre 68 e 80; e o Chega entre 44 e 54.

Abstenção

As emissoras em Portugal também projetaram uma abstenção nas eleições legislativas neste domingo (10) entre os 32% e os 46,5%.

Às 19h, a RTP estimou que a abstenção deve ficar entre 32% a 38%; a SIC, de 35,5% a 40,5%; e a CNN entre os 40,5% e os 46,5%.

Mesas de voto fecharam às 19h

As mesas de voto para as eleições legislativas abriram hoje às 8h em Portugal Continental e na Madeira, e encerraram às 19h.

Nos Açores, as seções abriram e fecharam uma hora mais tarde em relação à hora de Lisboa, por conta da diferença de fuso horário.

Segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), puderam votar 10 819 122 eleitores. No total, serão eleitos 230 deputados, em 22 círculos eleitorais —18 em Portugal continental e os restantes nos Açores, na Madeira, na Europa e fora da Europa—, num ato eleitoral que terá um custo a rondar os 24 milhões de euros.

Nestas eleições, o círculo de Setúbal vai eleger mais um deputado, um mandato perdido pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, que perdeu cerca de 2 500 eleitores. Assim, Setúbal ganha um mandato, passando a eleger 19 deputados, enquanto Viana do Castelo perde um mandato, contando agora com cinco.

Concorreram a estas legislativas antecipadas 18 forças políticas, três menos do que nas eleições de 2019 e 2022.

A Nova Direita é o único partido estreante neste ato eleitoral, juntando-se a PS, Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), PAN, Livre, Nós, Cidadãos!, Alternativa 21 (MPT/Aliança), ADN, PTP, RIR, JPP, Ergue-te, MAS, Volt Portugal e PCTP/MRPP.

Abstenção

Nas legislativas anteriores, em 30 de janeiro de 2022, a taxa de abstenção ficou em 48,54%, quando foi verificada uma redução em relação às legislativas de 2019, nas quais a taxa de abstenção atingiu o número recorde de 51,43%.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou no sábado (9) ao voto nas eleições e considerou que é nos tempos difíceis "o que mais importa é votar".

Marcelo apontou a preocupação com "a urgência de acelerar a recuperação da economia", numa altura em que se sentem os efeitos da situação de tensão a nível internacional, lembrando as guerras na Ucrânia e em Gaza, as subidas de preços, os custos dos juros e alguns problemas sociais.

"Em tempos assim, em que as guerras vieram relançar guerras econômicas e comerciais que esperávamos ultrapassadas pelo fim da pandemia, é nesses tempos que importa mais votar" disse o presidente.

Eleições antecipadas

A atual legislatura, que terminaria apenas em 2026, foi interrompida na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa (PS), após ter vir à público que ele era alvo de um inquérito judicial instaurado pelo Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça a partir da Operação Influencer. 

Marcelo Rebelo de Sousa aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro e, dois dias depois, anunciou ao país a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições legislativas.

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