Carioca de Honório Gurgel, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, Gabriela Santos da Silva Lopes Siqueira, antes de qualquer coisa, se define como sendo mãe da pequena Helena, de 3 anos.
A administradora de empresas contou que sempre trabalhou com vendas e foi no subúrbio onde cresceu que montou o seu primeiro negócio.
O trabalho manual, aos 7 anos, confeccionando pulseirinhas, cordões e anéis de miçangas já indicava o caminho que Gabriela seguiria. Daí também veio a lição sobre concorrência.
Ela lembra, entre risadas, que uma amiguinha da vizinhança achou interessante o trabalho e resolveu lançar uma coleção própria. O desafio estava lançado.
“Empreender e gostar de ter certa independência financeira (mesmo criança) sempre fizeram parte do meu DNA”, contou a publisher da BRASIL JÁ.
Durante a conversa, Gabriela ria ao lembrar que, mais ou menos na mesma época, montou uma sala de aula no próprio quintal. A brincadeira era levada muito a sério por ela, que dava aula para primos menores —para eles não era tão divertido.
Dar aulas virou mais que um passatempo. Gabriela assumiu a vocação para a docência e se formou como professora. Com 18 anos, passou num concurso público em Maricá, cidade do Rio de Janeiro.
No vestibular, Gabriela foi aprovada para os cursos de Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e História na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
“Optei pelas Ciências Sociais. Toda essa experiência, desde a venda de bijuterias na porta de casa à sala de aula, quando eu era criança ou já adulta; a minha formação em Ciências Sociais e demais formações fizeram com que eu passasse a ter um olhar transversal sobre o negócio, não apenas um ponto de vista empresarial”, explicou.
Uma visão para além do lucro, ela avalia, passou a ser o seu diferencial. Hoje, Gabriela acredita que os negócios sob sua responsabilidade, como administradora de empresas, servem também como uma forma de inclusão e empoderamento de pessoas.
Seus alicerces e fontes de inspiração são mãe, tias e avó. Em resumo, mulheres que Gabriela conta que sempre batalharam para dar a ela a melhor vida possível. Das artes, a empresária traz a força da pintora e ativista mexicana Frida Kahlo.
“Frida é uma mulher muito à frente do seu tempo. Ela é atemporal, intensa. Ela dispensa hipocrisias, as falsas perfeições. Ela seguiu os seus instintos, amou sem limites e sem preconceitos, se aventurou, viveu intensamente e não se limitou”, disse.
Sócia da TarefaAprazível, empresa em que a gestão é feita só por mulheres, Gabriela afirma que mulheres são multifuncionais e que, por isso, têm plena capacidade de estar em cargos de liderança.
“É com a oportunidade de ter um cargo de liderança dentro de empresas que vamos mudando a realidade delas. Uma das nossas metas é pagar sempre salários mais dignos e apresentando um plano de carreira para que possam crescer, ser independentes e donas de suas vidas e suas conquistas”, disse.
Com a palavra, Gabriela Lopes
Ser imigrante, ser estrangeira, acrescenta uma camada a mais de dificuldade para mulheres. O que você diria para as nossas leitoras que decidiram vir para a Europa recomeçar a vida, especialmente as empreendedoras?
Eu posso imaginar como deve ser difícil lidar com a dificuldade que é estar em um território que não é o seu, longe de familiares e amigos, e com empregos que muitas vezes não são o que deseja.
Mas se você não desistir, continuar estudando, se capacitando e desenvolvendo um bom trabalho, sendo uma pessoa que se destaca e que entrega com diferencial, você vai ter sucesso. Comece com o que você tem ao seu alcance e vá buscando coisas maiores e melhores.
Como você, mulher, líder e empreendedora, pode ajudar outras mulheres empreendedoras?
Eu acredito que posso servir de elo entre as pessoas e as ideias.
*Esta entrevista é a terceira de uma série em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
8/3 Dia da Mulher: A filha da Dona Cilene
8/3 Dia da Mulher: No peito e na coragem