Protesto pela causa imigrante. Crédito: Solidariedade Imigrante, reprodução Facebook

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Acordo para migração da UE não deve impactar fluxo em Portugal, diz chefe da OIM no país

Vasco Malta afirmou que consequências dependerão de plano para implementar acordo em terras lusitanas

03/05/2024 às 06:09 | 2 min de leitura
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O chefe de Missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) em Portugal, Vasco Malta, não acredita que o novo Pacto para Migrações e Asilo vá interferir no fluxo migratório no país. Malta afirmou à BRASIL JÁ que as consequências vão depender do plano de implementação do acordo em terras portuguesas.  

A fala de Malta, que parabenizou a decisão de se aprovar o pacto, se alinha ao entendimento da diretora-geral da OIM, Amy Pope. Na terça (30), Pope afirmou que o acordo significa "um passo fundamental para dar um enfoque mais integral da gestão da migração na Europa". 

No entanto, a aprovação do pacote de medidas está longe de ser um consenso. Instituições envolvidas na luta pelos direitos dos imigrantes veem a iniciativa como restritiva à entrada de pessoas na comunidade europeia. A Anistia Internacional e a Solidariedade Imigrante (que atua em Portugal) já se manifestaram sobre o assunto com críticas incisivas. 

Isso porque o pacto prevê medidas que devem ser adotadas pelo países da UE. Por exemplo, a implementação de um controle mais rigoroso no acesso ao Espaço Schengen e realocação de imigrantes entre Estados-membros —com previsão de multa para os países que se recusarem a receber estrangeiros.  

O chefe de missão da OIM em Portugal, entretanto, disse congratular o Conselho europeu por levar adiante o novo pacto. 

"Aguardamos com expectativa a sua adoção pelo Conselho da União Europeia", afirmou, acrescentando que a organização está pronta apoiar "a UE e os seus Estados-Membros na implementação".

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Perguntado sobre o que pode significar o acordo para os fluxos migratórios em Portugal, Malta afirmou que não crê "que [a adoção do acordo] terá qualquer impacto nos fluxos de migração para Portugal, mas dependerá do plano de implementação do pacto que Portugal apresentará junto da UE".

A situação de imigrantes em Portugal

Sobre a situação específica dos imigrantes em terras lusitanas, perguntei ao chefe de Missão da OIM se ele concordava com a afirmação de que, atualmente, Portugal tem portas escancaradas aos estrangeiros que pretendam viver no país. 

Vasco Malta não quis comentar a frase, que se trata de um (falso) argumento explorado pelas direita e extrema direita política portuguesa para defender uma suposta política migratória irresponsável em Portugal.  

Conforme já abordado pela BRASIL JÁ, a imigração no país já é regulada pela Lei de Estrangeiros, que define em que circunstâncias e quem pode entrar em Portugal. 

Outro tema tratado com Malta foi a avaliação que a OIM faz sobre o funcionamento administrativo prestado aos estrangeiros a partir da extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), substituída pela Agência para Integração, Migrações e Asilo (Aima). 

Vasco Malta, chefe da OIM em Portugal. Crédito: OIM, divulgação

"Não cabe à IOM avaliar o processo de restruturação mencionado. O foco da OIM Portugal é a nossa disponibilidade para colaborar com o governo/Aima em prol dos direitos dos migrantes para uma migração bem gerida e assente na dignidade e bem-estar das pessoas", afirmou Vasco Malta.

Ele ponderou, entretanto, que "a capacidade de resposta do Estado português é muito importante para tornar os processos céleres e não empurrar migrantes para situações precárias e não dignas". 

O chefe de Missão OIM no país acrescentou que "a formação das equipes é também fundamental para estarem capacitadas a dar respostas adequadas com base nos princípios básicos dos Direitos Humanos".

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