O Brasil marcou presença na Gala Michelin Portugal de 2025 com dois restaurantes premiados com uma estrela. As distinções foram entregues na noite desta terça (25), na Anfândega do Porto.
No total, 35 novos restaurantes entraram para o guia como recomendados, cinco como Bib Gourmand, oito com uma estrela, e uma estrela verde.
O chef mineiro Habner Gomes, que já foi entrevistado pela BRASIL JÁ, foi reconhecido apenas oito meses depois de abrir o seu Yoso, restaurante japonês com apenas dez lugares, em Santos, Lisboa.
Outro brasileiro que passa a integrar a constelação Michelin com uma estrela é João Ricardo Alves, que comanda o vegetariano Arkhe, ao lado de Alejandro Chavarro. O restaurante já fazia parte da lista de recomendados do guia antes da distinção.
Na entrega do prêmio, Habner não conteve a emoção pela conquista, ainda mais especial pelo fato de ser imigrante e um homem negro, algo um tanto quando raro nas premiações da alta gastronomia, como é o caso do Guia Michelin.
“Surpreendemos muita gente, inclusive os inspetores. E foi algo natural, porque mantemos sempre a qualidade no atendimento aos dez convidados que se sentam em frente ao balcão. Agora, a luta é pela segunda estrela”, afirma.
A carreira de Habner, que se mudou para Portugal quando adolescente, começou meio ao acaso, quando foi trabalhar com o irmão mais velho em um restaurante há 17 anos.
“Inicialmente, não gostava de cozinhar. O pensamento foi mudando quando comecei a perceber que poderia expressar meus sentimentos por meio da comida.”
Somou-se a isso a capacidade de trabalhar a delicada comida japonesa, que exige muita técnica, corte preciso e combinações estratégicas de ingredientes. “Também conta a matéria-prima. Em Portugal temos peixes excelentes”.
Antes de Habner e João Ricardo, outro brasileiro já havia conquistado uma estrela, no Algarve. Foi o chef Henrique Leis, que mantém um restaurante com o mesmo nome, que perdeu a sua estrela em 2019.
O caso tornou-se polêmico porque Leis enviou uma carta aos organizadores renunciando ao prêmio, com a justificativa de querer se livrar da pressão.
Como funciona o Guia Michelin
O Guia Michelin foi criado na França em 1900, como estratégia da marca de pneus para auxiliar os motoristas que viajavam pelo país e incentivá-los a rodar mais – assim comprariam mais pneus.
Com o sucesso da jogada de marketing e dedicação cada vez maior dos avaliadores, em 1926 foi lançado o sistema de classificação por estrelas, inicialmente apenas com a categoria uma estrela.
Dez anos depois, houve a ampliação para a premiação para restaurantes com duas e três estrelas. Além dos restaurantes recomendados e os estrelados, o guia também mantém a categoria Bib Gourmand, dedicada a restaurantes com bom custo-benefício.
A avaliação, feita por inspetores e inspetoras com largo percurso na gastronomia, é baseada em cinco critérios: a qualidade dos ingredientes, o domínio das técnicas para cada tipo de cozinha, a harmonia entre os sabores, a personalidade do chef e do conceito expressos nos pratos e a consistência da narrativa expressa pelo menu e manutenção do padrão entre as diferentes visitas. C
Curiosamente, o serviço e o ambiente não são levados em conta para a classificação por estrelas.
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