A carta contra a marcha xenófoba marcada para ocorrer em Lisboa, no próximo dia 3, recebeu 8 271 assinaturas, segundo informou na noite desta quarta (31) o grupo de coletivos antirracistas autores do manifesto. De acordo com comunicado à imprensa, a contagem foi finalizada no último sábado (27) e, além das mais de 8 mil assinaturas individuais, mais 213 organizações também subscreveram o texto.
"Feitas as verificações necessárias para eliminação de duplicação de dados, estamos em condições de confirmar que a carta aberta Contra o Racismo e a Xenofobia, recusamos o silêncio recebeu um total de 213 subscrições de organizações e 8271 de signatários individuais, das mais variadas áreas profissionais, que decidiram deste modo posicionar-se contra a escalada de violência dirigida às comunidades imigrantes", afirmaram os idealizadores do manifesto.
O comunicado também diz que, a quem interessar, será disponibilizado link com arquivo PDF com as 8 484 assinaturas — participações individuais e coletivas.
"Entendemos que este é um número significativo, que deve ser tornado público como forma de pressão para que as entidades destinatárias da carta assumam as suas responsabilidades", afirmam os autores da carta.
Proibição e desobediência
Na semana passada, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) rejeitou a solicitação do grupo de extrema-direita para realizar a marcha islamofóbica. Entretanto, os organizadores do protesto desafiaram as autoridades lusitanas e disseram que seguirão com a marcha, mas em outro local.
O comunicado do grupo de coletivos desta quarta reconhece a importância da proibição, mas ressalta justamente a intenção dos extremistas de seguir com o protesto, apesar de a CML e a polícia vetarem a realização da marcha.
"Apesar da proibição, que saudamos, por parte da Câmara Municipal de Lisboa, da ação programada pela extrema-direita, os seus organizadores vêm reafirmando que a irão fazer noutro local da cidade, em manifesta violação da Constituição da República Portuguesa e do artigo 240.º do Código Penal, pelos motivos expostos na carta."
Os coletivos afirmam que, até a noite de quarta, as autoridades às quais se enviou a carta aberta não se manifestaram sobre. "O silêncio das instituições é cúmplice. Não o acompanharemos nem o legitimaremos", dizem os grupos antirracistas.
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