A Espanha reconheceu formalmente a Palestina como Estado, confirmou o líder do governo espanhol, Pedro Sánchez, que defendeu que esta é "uma necessidade urgente alcançar a paz" para a paz no Oriente Médio.
"Não é apenas uma questão de justiça histórica", que responde a "aspirações legítimas" do povo palestino, "é uma necessidade urgente" para alcançar a paz, disse Sánchez, numa declaração em Madrid.
O anúncio ocorreu antes do início da reunião do Conselho de Ministros em que será aprovado o reconhecimento da Palestina como Estado pela Espanha.
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"É a única maneira de avançar para a solução que todos reconhecemos como a única possível para ser alcançado um futuro de paz, a de um Estado palestino que conviva com o Estado de Israel em paz e em segurança", afirmou, numa declaração transmitida a partir do Palácio da Moncloa, a sede do governo de Espanha.
A declaração ocorre no mesmo dia em que Israel volta a atacar Rafah.
Segundo a Agência France Presse (AFP), as forças de Israel retomaram os ataques no sul da Faixa de Gaza utilizando artilharia e aviação de combate, apesar da condenação internacional após o bombardeio de um campo em que palestinos deslocados se refugiavam, no domingo (26).
Sánchez afirmou que não cabe à Espanha definir as fronteiras de outros Estados. Portanto, o reconhecimento da Palestina pelo Conselho de Ministros baseia-se nas resoluções das Nações Unidas e nos limites estabelecidos em 1967, reconhecendo alterações apenas se acordadas entre as partes.
Para o líder do governo espanhol, o Estado da Palestina tem de ser viável, com a Cisjordânia e a Faixa de Gaza ligadas por um corredor, a capital em Jerusalém leste e todo o território unificado sob "o governo legítimo" da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP).
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Rejeição ao Hamas
Neste contexto, afirmou que o passo que a Espanha dará hoje também reflete "a rejeição frontal e rotunda" do grupo islâmico radical Hamas, que controla a Faixa de Gaza e foi o autor dos "ataques terroristas" em Israel em 7 de outubro.
"Não é uma decisão contra ninguém, menos ainda contra Israel, um povo amigo, que respeitamos", afirmou Sánchez, e acrescentou estar em xeque "uma decisão histórica que tem um único objetivo, contribuir para que israelenses e palestinos alcancem a paz".
Além de Espanha, a Noruega e a Irlanda comprometeram-se a reconhecer formalmente a Palestina como Estado a partir de hoje, juntando-se a mais de 140 países que já o fizeram em todo o mundo num momento em que Israel tem, em curso, desde outubro, uma ofensiva militar na Faixa de Gaza.
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Milhares de mortos no conflito
O conflito foi desencadeado pelo ataque do grupo islâmico Hamas em solo israelense em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1 200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 36 mil mortos e uma grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestino desde 2007.
O governo israelense condenou Espanha, Irlanda e Noruega, argumentando que esses países enviam aos palestinos a mensagem de que "o terrorismo compensa", referindo-se ao grupo islâmico Hamas.
Posteriormente, após um protesto formal junto aos embaixadores dos três países, Tel Aviv garantiu que haveria "consequências ainda mais graves".
Com a Agência Lusa