O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, Francisco André, afirmou estar confiante de que a mudança no governo do país não resultará em “qualquer tipo de afastamento” das relações com o Brasil.
“Independentemente dos ciclos políticos, os países são próximos e os povos são próximos”, disse o secretário.
A afirmação foi feita à Lusa durante a inauguração de uma cátedra em homenagem à escritora portuguesa Lídia Jorge, na Universidade Federal de Goiás, na terça (19).
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Um dia depois de se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília —onde assinou os diplomas do Prémio Camões 2023—, Francisco André reforçou que, independentemente das circunstâncias políticas, os laços entre os dois países permanecerão fortes.
Ele afirmou que "não teria lógica, não teria qualquer objetivo, não seria sensato sequer esse movimento" de afastamento.
“Para lá daquilo que são os ciclos políticos, há os ciclos dos nossos povos e nós bem sabemos a quantidade de portugueses que encontraram no Brasil o país onde quiserem refazer as suas vidas e a quantidade que encontraram Portugal”, disse.
Sobre o encontro com Lula, Francisco André contou que “há que celebrar esta revitalização muito profunda das relações entre o Brasil e Portugal", que segundo ele tinham sofrido um "arrefecimento, e não pela vontade de Portugal”, em referência ao período em que Jair Bolsonaro foi presidente (2019-2022).
“É bom encontrar este Brasil ativo, este Brasil amigo de Portugal, parceiro, com quem Portugal vai querer continuar a trabalhar no futuro”, acrescentou.
Eleições em Portugal
As declarações de Francisco André têm como pano de fundo o resultado eleições legislativas em Portugal, em que os vencedores foram partidos de direita e de extrema direita.
De forma infundada, André Ventura, líder do Chega —partido de extrema direita que quadruplicou o número de deputados na Assembleia da República—, chegou a dizer já no fim da campanha que caso a sigla vencesse as eleições, Lula não pisaria em Portugal.
A bravata de Ventura não teve qualquer resposta do governo brasileiro.
O pleito, realizado em 10 de março, resultou na vitória da Aliança Democrática (AD), uma coalizão entre PSD, CDS e PPM, com 29,49% dos votos e 79 deputados eleitos. O Partido Socialista (PS) conquistou 77 deputados, seguido pelo partido Chega com 48 representantes.
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos, enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Ainda faltam ser apurados os quatro deputados eleitos pela emigração, o que acontecerá nesta quarta (20).
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Após essa etapa, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, designará o novo primeiro-ministro, após consultar os partidos com representação parlamentar.
Com Agência Lusa