Quase 70% das mulheres trabalhadoras em Portugal recebeu uma remuneração base mensal bruta até 1 000 euros em 2023, segundo um estudo elaborado pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), por ocasião do Dia Internacional da Mulher, celebrado na sexta (8).
De acordo com o estudo da Comissão, feito com base em estatísticas oficiais, em novembro de 2023 a força de trabalho feminina era composta por 1 944 911 mulheres, das quais 68,3% recebiam uma remuneração base até 1 000 euros brutos.
Os dados, baseados nas declarações de remunerações à Segurança Social, indicam que o percentual de homens a ganhar até 1 000 euros brutos era menor —63,3% do total de 2 275 547 trabalhadores homens.
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Metade das trabalhadoras recebe no máximo 800 euros
Quase metade (46%) das mulheres recebia no máximo 800 euros de salário base bruto, enquanto no caso dos homens esse percentual era de 38,7%.
Segundo o levantamento, mais de um quinto (22%) das mulheres recebia apenas o salário mínimo nacional em 2023 (que era de 760 euros), face a 19,5% dos homens, de acordo com dados da Segurança Social citados no estudo.
A CGTP afirma ainda que, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento médio salarial líquido das mulheres era de 965 euros no 4º trimestre de 2023, frente aos 1 140 euros dos homens, uma diferença de 15%.
Já os quadros de pessoal de 2022 apontavam para um diferencial de 13,4% em desfavor das mulheres no salário base bruto, "não se registrando melhorias face ao ano anterior" e com as diferenças mais marcantes entre os mais qualificados.
"Os baixos salários, além de atirarem para a pobreza de uma em cada dez trabalhadoras, obrigam muitas a ter mais do que um emprego", ressaltou a central sindical.
Segundo emprego para sobreviver
No ano passado, 128,5 mil mulheres tinham uma segunda atividade profissional, um aumento de 22% em relação co 2021 (mais 23 mil), constituindo 51% do total de 251 mil trabalhadores com um segundo trabalho.
O peso do segundo emprego no total das mulheres trabalhadoras passou de 4,5% em 2021 para 5,2% em 2023, acompanhando o aumento do custo de vida, indica a CGTP, referindo que também nos horários e organização do tempo de trabalho "não houve melhorias".
No final de 2023, perto de 1 milhão e 800 mil dos trabalhadores contratados em Portugal trabalhavam por turnos, dos quais 49% eram mulheres (872,6 mil), sendo que entre elas este tipo de horários é o que mais tem crescido nas últimas duas décadas.
Presença no teletrabalho
O teletrabalho abrangeu perto de um milhão de trabalhadores (929 mil) no país —17,8% do emprego total—, representando as mulheres 52% do total.
A CGTP realiza a semana da igualdade entre 18 e 22 de março com o lema “Liberdade. Igualdade. Portugal com justiça social”, com iniciativas nos locais de trabalho e na rua, em todos os distritos e regiões autônomas.
Com a Agência Lusa