A Comissão Política da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder em Moçambique, vai propor ao Comitê Central da organização um conjunto de nomes para escolha do candidato às eleições presidenciais de outubro, disse a porta-voz da formação política, Ludmila Maguni.
“É o Comité Central” que vai eleger o candidato da Frelimo às eleições presidenciais de 9 de outubro, afirmou Maguni, em entrevista à Lusa.
O atual líder do partido e chefe de Estado, Filipe Nyusi, já não pode concorrer a um novo mandato, tal como está previsto na Constituição.
“A nível do Comitê Central será escolhido o candidato final, a Comissão Política, como fez no passado, endossa nomes”, disse Maguni.
Sobre as datas em que será conhecido o futuro candidato do partido no poder à Ponta Vermelha, residência oficial do chefe de Estado moçambicano, a porta-voz da Frelimo referiu que cabe à Comissão Política marcar e anunciar a próxima sessão do Comitê Central.
“Seria bastante difícil, neste momento, dizer como é que será este processo, mas penso que a própria Comissão Política, depois de se reunir, poderá dizer quais serão os caminhos”, sublinhou.
Origem geográfica não pesa
Em relação ao debate sobre se o próximo candidato da Frelimo deve ser da região centro, uma vez que o partido já teve líderes do sul e do norte de Moçambique, Ludmila Maguni frisou que a origem geográfica não tem peso nessa escolha.
“O mais importante não é de onde vem o candidato, o mais importante é ter o melhor candidato, esse é o critério que vamos usar, ter um candidato que irá corresponder àquelas que são as questões do país", afirmou.
“Estamos à procura, dentro dos 9,5 milhões de membros da Frelimo, do melhor candidato”, reforçou.
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O nome que a Frelimo vai indicar para as próximas eleições presidenciais, prosseguiu, deve ser consensual entre os membros do partido e com capacidade para implementar uma agenda de desenvolvimento e apontar soluções para os desafios que o país enfrenta.
“Iremos garantir que venha um candidato que possa corresponder e continuar o trabalho que o presidente [da República] Filipe Jacinto Nyusi já começou, pensamos nós que é um candidato que irá dar continuidade, mas olhando para o país como um todo”, referiu.
A responsável acrescentou que se o próximo chefe de Estado e de governo continuar a ser eleito pela Frelimo, deverá concentrar a sua ação no desenvolvimento de infraestruturas sociais e econômicas e no “combate ao terrorismo” na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
Eleição interna participativa
A porta-voz defendeu que a eleição interna do futuro candidato às presidenciais será participativa, democrática e com responsabilidade, tendo em conta a importância do partido na vida do país.
Maguni considerou normal as críticas públicas de importantes membros do partido ao governo de Filipe Nyusi e ao modo controverso como a força política no poder ganhou as eleições autárquicas de 11 de outubro, defendendo que as divergências de opinião na organização acentuam-se em período de transição na liderança.
Na primeira edição da BRASIL JÁ, mostramos que parte da população moçambicana saiu às ruas para protestar contra o governo da Frelimo. A reportagem ouviu pessoas que disseram ter sido presas apenas por aderir às marchas e, na cadeia, denunciaram ter sofrido violações de direitos.
“Quando estamos sempre à porta de um processo eleitoral [interno], principalmente quando é mudança, costumamos ter estas questões, em que são levantadas diferentes vozes”, continuou a porta-voz.
Moçambique vai realizar em 9 de outubro próximo as sétimas eleições presidenciais e legislativas, as segundas para os governadores provinciais e as quartas para as assembleias provinciais.
As candidaturas à Presidência da República têm de dar entrada no Conselho Constitucional até 10 de junho.
Com informações da Lusa