Sala de aula improvisada num dos prédios destruídos durante conflito em Mocímboa da Praia, Cabo Delgado (Arquivo). Crédito: OCHA, Mario Mangazi

Sala de aula improvisada num dos prédios destruídos durante conflito em Mocímboa da Praia, Cabo Delgado (Arquivo). Crédito: OCHA, Mario Mangazi

Oposição cobra diálogo para deter terror no norte de Moçambique

Estado Islâmico reivindicou 27 ataques a vilas cristãs em Cabo Delgado

28/02/2024 às 15:15 | 2 min de leitura
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A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição ao governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), cobrou nesta quarta (28) que se abra um “diálogo” com os grupos responsáveis por ataques armados em Cabo Delgado, no norte do país.

Ao reivindicar a negociação, Renamo mencionou “incapacidade” das forças de defesa moçambicanas de pararem a violência.

“Perante o cenário de desespero e insegurança que o país vive, exigimos do governo medidas concretas conducentes à paz, o que requer robustez e apetrechamento logístico das Forças de Defesa e Segurança e, sobretudo, a exploração de canais do diálogo”, disse a secretária-geral da Renamo, Clementina Bomba, falando em conferência de imprensa em Maputo.

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Bomba afirmou que alguns líderes terroristas "são conhecidos", e que por isso as autoridades deveriam entrar em contato com os rebeldes.

A dirigente considerou que as forças governamentais e estrangeiras que combatem a insurgência na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, estão mostrando incapacidade de conter o “alastramento da violência”.

“Exigimos que essas medidas sejam urgentes para poupar as vidas de crianças, mulheres, idosos e homens que são sacrificadas injustamente sem dó nem piedade”, declarou.

Violência em ascensão

As ações terroristas se alastram pelas províncias vizinhas de Niassa, Nampula e Zambézia, o que tem provocado o deslocamento de cidadãos, incluindo idosos, mulheres e crianças, afirmou a representante da Renamo. 

Segundo Bomba, as pessoas obrigadas a fugir estão sem qualquer assistência humanitária, incluindo alimentação, água e acomodação digna.

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A secretária-geral da Renamo acusou o governo de ter feito alianças unilaterais pouco claras com forças estrangeiras para combater o terrorismo em Cabo Delgado, excluindo instituições relevantes, como a Assembleia da República.

“Preocupa-nos que estejam a ser propaladas vitórias no teatro das operações, quando as investidas do inimigo estão a sacrificar vidas de cidadãos indefesos e jovens militares que são atirados para a linha de fogo sem saber porque estão a lutar”, disse.

Apelo a igrejas

A dirigente política apelou às igrejas para ajudarem na resolução do conflito e na mobilização da sociedade moçambicana para a assistência humanitária às vítimas.

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria de 27 ataques em vilas “cristãs” no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, em que afirma terem morrido 70 pessoas nos últimos dias.

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Através dos canais de propaganda do grupo, que documenta os ataques com fotografias, é dito ainda que 500 igrejas, casas e edifícios públicos foram destruídos.

As autoridades moçambicanas não comentam a situação operacional, mas relatos feitos à Lusa, na vila de Chiùre, confirmam ataques, destruição de hospitais, escolas e casas, além de mortos, em diferentes aldeias do distrito.

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, afirmou na segunda (26) à Lusa que os atos “macabros” que assolam há duas semanas o sul da província moçambicana são protagonizados por “grupinhos” de “extremistas violentos”.

Histórico

A província de Cabo Delgado enfrenta há mais de seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com dados das agências das Nações Unidas, e cerca de 4 000 mortes, segundo o Armed Conflict Location and Event Data Project,  projeto de localização de conflitos armados. 

Com informações da Lusa

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