Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Crédito: Tânia Rêgo, Agência Brasil

Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Crédito: Tânia Rêgo, Agência Brasil

Secretária de Comércio Exterior do Brasil: Acordo Mercosul-UE levará empresas e governos a adotarem novas práticas e tecnologias

Em entrevista à BRASIL JÁ, Tatiana Prazeres detalha o porquê de o pacto ser benéfico para os signatários

30/12/2024 às 07:00 | 3 min de leitura | Brasil
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Tatiana Prazeres, à frente da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, foi —e segue sendo— uma das principais vozes na defesa do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. 

Finalmente fechado após 25 anos de negociações, o pacto entre os grupos econômicos enfrenta resistência em países europeus. Agricultores e pecuaristas na França, amparados pelo governo e por empresários, rejeitam o acordo dizendo que sofrerão concorrência desleal.  

Ainda assim, no dia 6 deste mês, durante a Cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, no Uruguai, um texto final do acordo foi aprovado pelos líderes no encontro. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participou da cerimônia.   

Já no pós-pacto, em entrevista à BRASIL JÁ, a secretária de Comércio Exterior do Brasil detalhou os ganhos esperados para o país, os possíveis avanços em sustentabilidade e os desafios para, agora, a implementação do acordo. 

O impacto de uma relação mais estreita entre os blocos se traduz em números: juntos os grupos reúnem cerca de 718 milhões de pessoas e um PIB de 22 trilhões de dólares. 

Para o Brasil, a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial, com uma corrente de comércio de aproximadamente 92 bilhões de dólares em 2023. Além disso, 45% dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil vêm de países europeus. 

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O acordo amplia essas relações ao oferecer maior estabilidade regulatória e acesso preferencial ao mercado europeu.  

BRASIL JÁ: O que o Acordo Mercosul-União Europeia representa para o Brasil? 

Este é o maior acordo comercial que o Mercosul já negociou e um dos mais relevantes já firmados pela União Europeia. Penso que a União Europeia vai lidar com o acordo de modo estruturada. Todos que se preocupam com sustentabilidade acreditam que este acordo vai deixar o mundo melhor. [Menciono] O anexo do capítulo de Desenvolvimento Sustentável, que foi negociado ao longo de 2023/2024 e reúne compromissos importantes. 

Nossa visão é de que quem realmente se preocupa com sustentabilidade verá que o acordo vai levar empresas e governos a adotarem novas práticas e tecnologias. Se o acordo não vingar, vamos perder a capacidade de acompanhar os compromissos de melhorias na área de sustentabilidade. Todos os que valorizam o que foi negociado, deveriam assinar esse acordo.  

Quais setores brasileiros serão mais beneficiados? 

O acordo trará ganhos significativos para a agropecuária, a indústria e os serviços. No setor agropecuário, nossos produtos, como carnes, frutas, cachaça e etanol, terão maior acesso ao mercado europeu, com redução de tarifas e quotas exclusivas. A indústria também se beneficiará de uma integração às cadeias produtivas europeias, enquanto os serviços já consolidados, como turismo, tecnologia e startups, ganharão um novo impulso. 

Também temos um impacto positivo esperado em pequenas e médias empresas, com programas específicos para capacitá-las e integrá-las no comércio internacional. 

O que o acordo trará de avanços em sustentabilidade? 

A sustentabilidade é um dos pilares deste acordo. O capítulo de Desenvolvimento Sustentável é um marco ao integrar compromissos multilaterais como o Acordo de Paris e a Agenda 2030. Ele promove cadeias de valor sustentáveis, incentiva a transição energética e a descarbonização da economia, além de valorizar produtos sustentáveis. 

Nossa visão é de que quem realmente se preocupa com sustentabilidade verá que o acordo levará empresas e governos a adotarem novas práticas e tecnologias. Se o acordo não vingar, perderemos a capacidade de acompanhar os compromissos globais de melhorias na área de sustentabilidade. Por isso, todos os que valorizam o que foi negociado deveriam assinar esse acordo.  

Quais são os desafios para as empresas brasileiras acessarem o mercado europeu? 

Hoje, apenas 1% das empresas brasileiras exportam. Muitos pequenos e médios empreendedores ainda enfrentam barreiras, como falta de informação e preparo. Para superar isso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços lançou o Programa Nacional da Cultura Exportadora e a ApexBrasil está intensificando a capacitação de exportadores. 

Além disso, o acordo oferece maior previsibilidade regulatória, o que beneficiará principalmente setores que dependem de certificações, como o agronegócio. 

Qual é a mensagem a se deixar aos críticos do acordo? 

Este acordo é um marco histórico e representa uma oportunidade única para o Brasil se integrar mais profundamente ao comércio global. Além de ganhos econômicos, ele reforça nossa posição como líder em sustentabilidade. 

Minha mensagem é clara: o acordo beneficia os dois blocos, mas também contribui para um futuro mais sustentável e conectado. 

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Confira abaixo uma tabela descrevendo ganhos para ambos os blocos

Crédito: Reprodução

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